Quarta-feira, 05 de outubro de 2016 Imagem: Facebook / Reprodução Foto oficial de campanha de Crivella Nessas eleições de 2016, os...
Quarta-feira, 05 de outubro de 2016
Imagem: Facebook / Reprodução
Foto oficial de campanha de Crivella |
O eleitorado do (estado) do Rio de Janeiro tem fama de esquerdista, especialmente por ter sido maioria na reeleição da agora ex-presidenta Dilma Rousseff em 2014, em comparação com os votos recebidos pelos adversários na mesma região. Mas, desta vez somente os eleitores da “Cidade Maravilhosa” votarão. Portanto o que se tem visto é um cenário oposto que poderá se reafirmar no segundo turno, no próximo dia 30 de outubro.
Marcelo Crivella (PRB-RJ) será o próximo prefeito do Rio de Janeiro, e por inúmeros motivos, goste você, leitor(a), ou não:
1) ele teve 27,78%. Se lograr o apoio do ex-concorrente e deputado federal Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), quem obteve 14% dos votos válidos, já teria 41,78%. O filho do deputado federal Jair Bolsonaro não fechou ainda com o bispo licenciado, contudo é certo, que por fidelidade ideológica, jamais apoiaria o candidato psolista. O elevado percentual de Flávio Bolsonaro, que concorreu pela primeira vez a cargo Executivo, mostra que uma ala ultradireitista está em ascensão no país. Vale lembrar que para ser eleito, precisa-se de 50% mais um dos votos válidos.
Crivella não quer de jeito nenhum o apoio do ex-concorrente e deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ), quem alcançou 16,12% dos votos válidos, mas quer o do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Freixo (PSOL-RJ), quem logrou 18,26% dos votos válidos, tampouco aceitaria o apoio do parlamentar ou de seu partido, ainda mais por tachá-los de “golpistas” e culpá-los pelo impeachment de Dilma Rousseff. Nenhum dos dois querem ser associados a um suposto ‘agressor de mulheres’.
Os ex-concorrentes e deputados estaduais Índio da Costa (PSD-RJ), com 8,99% dos votos válidos, e Carlos Osório (PSDB-RJ), com 8,62% dos votos válidos, ainda não se pronunciaram sobre um eventual apoio no segundo turno.
Imagem: Facebook / Reprodução
Foto oficial da campanha de Freixo |
Poderá ocorrer o mesmo na disputa entre Eduardo Paes (PMDB-RJ) e Fernando Gabeira (PV-RJ) nas eleições municipais de 2008: por conta do supracitado ponto facultativo, o eleitorado de Gabeira, de mesmo perfil que o de Freixo (PSOL-RJ), preferiu ir para a Região dos Lagos ou Região Serrana se divertir. Já o de Paes, das zonas Norte e Oeste, ficou em casa e votou.
3) Crivella só perdeu em 2014 para Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) para governador, por conta do preconceito que existe em relação à IURD, até mesmo entre os demais evangélicos. O pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Avec), fez campanha explícita contra o pupilo do bispo Edir Macedo, a favor do peemedebista, por exemplo.
Diferente do deputado federal Celso Russomano (PRB-SP), candidato a prefeito por São Paulo em 2016 que não conseguiu se livrar desse estigma de ser apoiado pela Igreja Universal durante várias campanhas consecutivas para cargos no Executivo, Marcelo Crivella (PRB-RJ) poderá ter êxito. Pois, agora a coisa ficou polarizada: trata-se de “um homem de Deus” que vai acabar com a “pouca vergonha” (que muitos eleitores não sabem descrever ou então associam a drogas e à homossexualidade, por exemplo), como gostam de dizer certos evangélicos, contra um suposto apoiador de black blocs e de bandidos (a generalização da defesa dos direitos humanos), como gostam de justificar aqueles que detestam Marcelo Freixo (PSOL). Para ambos os lados reina o preconceito.
Antes de continuar, é preciso deixar claro que um prefeito não tem poder para intervir em tais questões, apenas os governos estadual e federal.
Os cariocas poderão se lançar em sacrifício de ter como prefeito o religioso de uma seita que demoniza homossexuais e religiões como a Umbanda e o Candomblé, e ainda ter de carona o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ) no novo governo, do que se sujeitarem a um “socialista da Zona Sul” cujo partido é simpatizante da ditadura bolivariana e a favor da legalização do aborto e da maconha. São opções dificílimas, mas foram as que os cariocas escolheram para si mesmos.
4) a crise financeira que surgiu no governo Pezão em 2015, ocasionando em atrasos salariais dos servidores públicos do Estado e no agravamento da crise na saúde, na educação e na segurança pública, pode estar levando muitos cariocas a uma espécie de arrependimento, por não terem votado em Marcelo Crivella (PRB-RJ) dois anos atrás.
5) ainda que os ex-concorrentes e deputados federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Alessandro Molon (Rede-RJ) apoiem a Marcelo Freixo (PSOL-RJ), seus percentuais não conseguem fazer frente para ajudar a derrotar o adversário do Partido Republicano Brasileiro (PRB). Na atual conjuntura política, o apoio recebido dos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff só deu a Jandira Feghali 3,34% dos votos válidos. Já Alessandro Molon, ex-PT, apenas 1,43%. A esquerda, que se divide e se dissolve, agora tenta se aglutinar por um objetivo comum: a sobrevivência da ideologia materializada na figura do psolista.
6) a única chance, ainda que remota, de Marcelo Freixo (PSOL-RJ) reverter esse prognóstico, seria conseguir que os 18,26% dos que votaram em branco ou anularam, mais a grande parte dos 24,28% dos eleitores que não foram votar, lhe dessem uma chance. Diante do descontentamento e da sina dos cariocas de ambos os lados, o que se prevê é o aumento de votos nulos e em branco e uma maior abstenção nas urnas. Muitos eleitores vão preferir pagar aquela multa “cara” de R$ 3,51, por não comparecimento, do que se sentirem responsáveis por uma má escolha política.
Por uma questão ética, é preciso frisar que OPINÓLOGO não está do lado de nenhum dos candidatos, apenas faz uma análise da atual situação política do município, a partir do que escuta nas ruas e vê nas redes sociais.
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