Terça-feira, 25 de outubro de 2016 Reafirmação Em artigo publicado no passado dia 5 de outubro, três dias após o primeiro turno das...
Terça-feira, 25 de outubro de 2016
Reafirmação
Em artigo publicado no passado dia 5 de outubro, três dias após o primeiro turno das eleições municipais de 2016, OPINÓLOGO afirmou que o candidato a prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB-RJ) venceria a disputa contra Marcelo Freixo (PSOL-RJ), no próximo domingo (30/10), e seria eleito. Esta nova publicação, 20 dias após, reafirma o que já foi dito: o senador e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) será o novo prefeito da ‘Cidade Maravilhosa’, queiram ou não queiram os cariocas diante das opções que, tacitamente, não são consideradas as melhores. Contudo, caso perca o pleito, não será contra o adversário psolista, e sim contra si mesmo, contra seu passado, sua língua, seu suposto preconceito e algumas estratégias de campanha, ou até mesmo suas alianças, como a com o ex-governador fluminense Anthony Garotinho (PR-RJ), o que ele nega.
Revelações
Desde o início do segundo turno, Marcelo Crivella (PRB-RJ) tem lidado com uma avalanche de revelações jornalísticas sobre seu passado na IURD. No último fim de semana, por exemplo, foi capa da edição fluminense da revista ‘Veja’, que publicou uma foto de seu registro policial de janeiro de 1990, quando teria, supostamente, ficado preso por uma noite, acusado de usar de violência contra uma família que ocupava um terreno em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, onde seria construído um templo da seita. Na ocasião, ele era o engenheiro responsável pela obra.
Imagem: SBT Rio / Reprodução
Candidato atacou nominalmente alguns veículos de imprensa |
No telejornal, o candidato do Partido Republicano Brasileiro (PRB) tachou de ‘patifes’ e ‘vagabundos’ os jornalistas e meios de comunicação que tentam, supostamente, difamá-lo, como ‘Veja’ e ‘O Globo’. Ele acusou o diário carioca de tê-lo tornado ‘inimigo jurado’, ao alegar que em toda campanha para cargo Executivo são publicadas reportagens contra ele. Para o senador, esses veículos de imprensa, supostamente, estariam preocupados em perder ‘centenas de milhões de reais’ em verbas publicitárias da prefeitura do Rio. O jornal ‘O Globo’ respondeu às acusações de Crivella, acusando-o de ‘agredir’ a imprensa profissional, e sustentou que entre suas práticas editoriais está o ‘apartidarismo’.
O colunista Lauro Jardim, de ‘O Globo’, informou que Crivella teria sido mencionado na Lava-Jato (operação que investiga a roubalheira na Petrobras), na delação premiada de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras. A nota disse que o candidato teria sido, supostamente, beneficiado com 100 mil banners de campanha, avaliados em R$ 12 milhões, oriundos de caixa dois da estatal. O bispo licenciado nega.
Recentemente, ‘O Globo’ divulgou que Crivella publicou em português, em 2002, o livro ‘Evangelizando a África’. A obra relata seus 10 anos naquele continente e classifica a homossexualidade como um ‘terrível mal’ e uma ‘conduta maligna’. Criticou religiões locais de ‘diabólicas’ e afirmou que a Igreja Católica ‘tem pregado para inocentes seguidores a adoração aos ídolos e a veneração a Maria como sendo uma deusa protetora’. O livro é uma versão do que foi lançado em 1999 na língua inglesa. Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse que na época – com 42 anos – era um ‘rapazinho intolerante’. Durante a entrevista no ‘SBT Rio’, ele falou que se referia a uma outra denominação religiosa que também se chamava Igreja Católica.
Crivella também acusou a empresa de publicidade Prole, que fez a campanha de Pedro Paulo (PMDB-RJ) para o mesmo cargo, de ter repassado à campanha de Marcelo Freixo (PSOL-RJ) o material que o peemedebista não conseguiu usar no segundo turno contra ele. Segundo o bispo licenciado, a agência teria recebido cerca de R$ 50 milhões em contratos com a prefeitura do Rio. O candidato socialista negou haver contratado a produtora.
Paradoxo
Perguntado em sabatina sobre o apoio recebido da ex-vereadora Carminha Jerominho, ele disse que queria o voto dela ‘para combater a milícia’, o que é um paradoxo, tendo em vista que a ex-parlamentar é filha do ex-vereador Jerominho e sobrinha do ex-deputado Natalino Guimarães. Esses dois ex-parlamentares estão presos por suposto envolvimento com a milícia na Zona Oeste. Vale frisar que não cabe à administração municipal a pauta da segurança pública.
Guerra eleitoral
Enquanto no primeiro turno Crivella (PRB-RJ) e Freixo (PSOL-RJ) não se enfrentaram, com uma falsa política de paz e amor, neste segundo o embate televisivo – com acusações e difamações – têm dado lugar às propostas. Pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira (20) mantém o bispo licenciado na frente, porém com uma queda de nove pontos percentuais em relação ao adversário. O senador tinha 51% das intenções de votos, e agora aparece com 46%, enquanto que o deputado fluminense tinha 25% e agora, 29%.
No programa eleitoral que foi ao ar nesta terça-feira (25), Crivella acusou a Rede Globo e a Veja de, supostamente, tentarem mudar o resultado da eleição.
“Nesta eleição, a tentativa de manipulação da Globo e da Veja, pra me atingir, enganar a população, intervir e alterar o resultado das eleições passou dos limites. Novamente, somos bombardeados com vídeos editados, manchetes mentirosas, falsas reportagens na TV, nas revistas, nos jornais. Foi com essas calúnias (sic) que elegeram [Luiz Fernando] Pezão (PMDB-RJ) há dois anos atrás [para governador do Rio de Janeiro]. É assim que tentam mudar a vontade do povo e eleger o Freixo, mesmo sendo ele candidato de um partido de esquerda radical. Porque acham que você eleitor, pobre ou rico, é um ignorante, um sujeito fácil de ser enganado. Mas, eles acham isso, porque não te conhecem. Mas, vão conhecer, e vai ser no próximo domingo, quando daremos um grande não a toda essa sujeira da Globo, da Veja e da cúpula do PMDB, que também apoia Freixo, com recursos e equipe de propaganda (...)”, acusou Crivella.
Ausências
Marcelo Crivella (PRB-RJ) não foi ao debate que seria promovido pela ‘Rádio CBN’, nesta terça-feira (25), tendo ligado para desmarcar faltando apenas nove minutos de começar. Também não compareceu à sabatina na edição noturna do ‘RJTV’, telejornal local da Rede Globo. Justificou estar em Brasília, mas declarou que se estivesse no Rio, ainda assim não participaria, por conta do que chamou de ‘cobertura manipuladora e tendenciosa’ da emissora contra sua candidatura. Em nota, a apresentadora Ana Luiza Guimarães disse que o compromisso da televisora é com os eleitores, não com os candidatos, e citou outros políticos que já criticaram a emissora, como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-RJ) e o ex-deputado federal Eduardo (PMDB-RJ).
Imagem: Twitter / Reprodução
Sem Crivella nos debates, fica difícil de Freixo atacá-lo e confrontá-lo |
Esta semana Crivella participaria de um debate na Rede Record, mas a emissora o cancelou, ao alegar que estaria em processo de mudança de endereço. Fica a dúvida se o canal da IURD não estaria tentando preservar o candidato.
Olhares distintos
Crivella e Freixo possuem maneiras muito distintas de lidarem com os próprios erros. Enquanto o primeiro minimiza como tendo sido um ‘rapazinho intolerante’, o segundo diz que o tempo ‘não desfaz os erros’. O candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) falou isso em sua sabatina no ‘SBT Rio’, nesta terça-feira (25), enquanto comentava sobre a acusação de agredir a um fotógrafo, durante o enterro do irmão Renato Freixo, assassinado por milicianos em 2006. Para o deputado psolista, o erro não se justifica, porém havia um contexto, que era a dor da família
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