Miss Universo transfere operações em meio às investigações contra proprietários

Segunda-feira, 15 de dezembro de 2025 Raúl Rocha Cantú é investigado no México por suspeita de contrabando; Anne Jakrajutatip é acusada de s...

Segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Raúl Rocha Cantú é investigado no México por suspeita de contrabando; Anne Jakrajutatip é acusada de suposta fraude fiscal contra investidores

Imagem: Redes Sociais - Divulgação / Arte: Opinólogo

Anne Jakrajutatip e Raúl Rocha Cantú detêm 50% das ações, cada, do Miss Universo;
o rosto das outras pessoas da foto foi coberto pela reportagem

A organização do Miss Universo transferiu suas operações administrativas na Cidade do México, no México, para Nova Iorque, nos Estados Unidos, ‘onde historicamente sempre estiveram localizadas’. A decisão, ‘com efeito imediato’, foi divulgada no último sábado (13/12), em nota à imprensa assinada pelo presidente da entidade, Raúl Rocha Cantú, um dos proprietários.

“(…) Esta decisão surge na sequência de uma avaliação minuciosa e responsável das condições atuais no México, que não proporcionam um ambiente adequado ou estável para o funcionamento seguro e eficaz de uma organização internacional desta dimensão. Entre os fatores considerados encontram-se a incerteza jurídica, a atual situação de segurança e os ataques infundados e com motivações políticas que comprometeram o quadro institucional necessário para a estabilidade operacional a longo prazo e a projeção global.

A presença administrativa no México foi originalmente estabelecida para apoiar a sede em Nova York e, a médio prazo, evoluir para uma base operacional global para uma organização com 74 anos de história, prestígio e liderança internacional. A iniciativa também visava gerar empregos, impacto econômico para o país e oferecer oportunidades de projeção internacional. No entanto, o México perdeu essa oportunidade. Como resultado dessa decisão, os funcionários atuais serão realocados sempre que possível, ou novos funcionários serão contratados em Nova York e em outras regiões onde a organização mantém presença operacional”, manifestou o dirigente.

A migração da gestão seria uma espécie de protesto pelo fato de o empresário estar sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República (FGR, na sigla em espanhol) do México, por suspeitas de traficar drogas, armas e combustível adulterado, além de lavagem de dinheiro. Vale acrescentar que o Miss Universo não é alvo de investigação.

Recentemente, o magnata firmou um acordo de delação premiada, mas ainda corre risco de ser preso, assim como outros investigados, entre eles agentes públicos acusados de receberem propina para fazer vista grossa e/ou facilitar o contrabando entre Guatemala e México. 

“O México perdeu a oportunidade de se consolidar como um centro estratégico dentro de uma das organizações globais mais reconhecidas do mundo. Essa decisão foi tomada com firmeza, responsabilidade e tendo como prioridade o futuro a longo prazo da Organização Miss Universo”, continuou Raúl Rocha.

Além da referida competição feminina, Raúl Rocha Cantú é um empresário do setor energético. Desde a final do concurso de beleza, em novembro passado, tem se envolvido em inúmeras polêmicas e escândalos, inclusive de suposta fraude para beneficiar a Miss México 2025, Fátima Bosch, vencedora do Miss Universo deste ano.

Em meio a todo esse imbróglio, no mês passado, ele perdeu o cargo de cônsul honorário da Guatemala no México. Embora não fosse uma função diplomática, mas uma atividade gratuita e motivada por interesses comerciais e políticos, o título trazia prestígio e ele poderia se colocar como representante do governo guatemalteco para defender certos interesses na nação asteca.

Ademais de Raúl Rocha, sua sócia no Miss Universo, Anne Jakrajutatip, possui uma ordem de prisão de um tribunal tailandês, por não ter comparecido a uma audiência. Ela é suspeita de fraude no montante de 30 milhões de baht – o equivalente a R$ 5,15 milhões – com investidores de sua empresa JKN Global.

Em 2023, Anne Jakrajutatip e sua empresa tailandesa começaram a atrasar os pagamentos dos acionistas. No ano seguinte, ingressou na justiça com um pedido de recuperação judicial, com dívidas de três bilhões de baht – cerca de R$ 515,4 milhões.

Em 2025, a Comissão de Valores Monetários da Tailândia multou Anne Jakrajutatip e a JKN Global em quatro milhões de baht – R$ 687,1 mil – por divulgar balanços falsos ou enganosos. Além disso, a empresária não informou integralmente aos investidores que havia assinado um acordo, em outubro de 2023, para vender 50% das ações do Miss Universo ao mexicano Raúl Rocha Cantú e a sua companhia Legacy Holding Group USA Inc.