Conselho da Paz Norueguês se recusa a organizar homenagem à Nobel da Paz 2025

Sábado, 25 de outubro de 2025 Entidade não possui vínculo com o Comitê do Nobel e se opõe à escolha de María Corina Machado à premiação Imag...

Sábado, 25 de outubro de 2025

Entidade não possui vínculo com o Comitê do Nobel e se opõe à escolha de María Corina Machado à premiação

Imagem: Redes Sociais - Divulgação

María Corina Machado se une à multidão em comício eleitoral
por Edmundo González em 2024

O Conselho da Paz Norueguês se recusou a organizar a tradicional procissão de tochas para a ganhadora do Nobel da Paz de 2025, conforme divulgado nessa sexta-feira (24/10). O evento está previsto para ocorrer em Oslo, capital da Noruega, no próximo dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. A entidade se opõe que a laureada tenha sido a ex-deputada María Corina Machado, principal adversária política do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

“(...) Durante o processo de consulta, ficou claro que nossas organizações-membro não consideram que o vencedor do Prêmio da Paz deste ano esteja alinhado com os valores do Conselho Norueguês da Paz ou de nossas organizações-membro. Como organização guarda-chuva, é crucial que nossos eventos reflitam esses valores”, manifestou a instituição num trecho de nota.

“Esta é uma decisão difícil, mas necessária. Temos grande respeito pelo Comitê Nobel e pelo Prêmio Nobel da Paz como instituição, mas, como organização, também devemos ser fiéis aos nossos próprios princípios e ao amplo movimento pela paz que representamos. Estamos ansiosos para celebrar o Prêmio Nobel da Paz novamente nos próximos anos”, completou a presidenta do Conselho de Paz Norueguês, Eline H. Lorentzen.

O referido conselho não possui nenhum vínculo direto com o Comitê do Nobel. Trata-se de uma organização não governamental (ONG) na qual integram 17 instituições, reunindo cerca de 15 mil ativistas que atuam pelo desarmamento e pela gestão não violenta de conflitos. A entidade foi fundada em 1945 – logo após o fim da Segunda Guerra Mundial – e está completando 80 anos neste sábado (25). 

Por conta da negativa do Conselho da Paz Norueguês em cuidar dos preparativos, a festividade ficará a cargo da Aliança Norueguesa de Justiça Venezuelana, outra organização não governamental, que recebeu a incumbência com ‘entusiasmo’.

“Ante a decisão do Conselho da Paz Norueguês de não organizar a tradicional marcha com tochas de 10 de dezembro, é com alegria que informamos que nossa organização assumirá com entusiasmo a coordenação dessa bela tradição; as celebrações oficiais do Nobel se mantêm sem alterações”, divulgou a Aliança Norueguesa de Justiça Venezuelana.

A escolha de María Corina Machado para a supracitada premiação incomodou atores políticos tanto de esquerda quanto da direita, que não reconhecem seu embate contra a ditadura de Nicolás Maduro. A controvérsia foi por ela ter pedido intervenção militar por parte do governo dos Estados Unidos logo após as eleições de 2024, marcadas por indícios de fraude com o atual mandatário reeleito.

Para os críticos à premiação, o posicionamento da laureada da paz seria incompatível com a busca de soluções pacíficas para a crise política na nação sul-americana, ao clamar por intervenção estrangeira. A verdade que muitos militantes de esquerda e simpatizantes de Maduro se recusam a aceitar é de que ele não pretende largar o poder, ainda mais contando com a cumplicidade de militares das forças armadas. E a desculpa que usam para justificar o injustificável é a retórica desgastada de que ele estaria protegendo a Venezuela contra o ‘imperialismo yanki’.

O anúncio do Nobel da Paz de 2025 foi feito no último dia 10 de outubro. Ainda não se sabe se a homenageada estará presente, tendo em vista que ela vive escondida, na clandestinidade, temendo ser presa pelo regime de Nicolás Maduro. Recentemente, ela disse que só conseguiria participar da cerimônia no país europeu caso seu adversário não estivesse mais no cargo.

Ao que tudo indica, a cerimônia em Oslo não será apenas de homenagens, mas também de protestos, o que expõe a hipocrisia de certos grupos políticos ao não reconhecerem a luta de María Corina Machado contra um regime, simplesmente pelo fato de ela ser de direita.