Quarta-feira, 22 de dezembro de 2021 Informação atualizada em 22/12/2021, às 22h58 O Ritonavir demonstrou eficácia em estudos e tratamentos ...
Quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
Informação atualizada em 22/12/2021, às 22h58
O Ritonavir demonstrou eficácia em estudos e tratamentos experimentais
Redução de risco hospitalar em quase 90%
Imagem: Thiago Lazarino - Pixabay - Creative Commons
O combate ao coronavírus é complicado, devido às mutações como Gama, Delta, Ômicron, entre outras |
O Ritovanir, um medicamento comumente usado contra a Síndrome da Imunodeficiência Humana (Aids, na sigla em inglês), tem sido uma promessa na luta contra o coronavírus (Sars-CoV-2) desde o início da pandemia. Alguns estudos noticiados reforçam isso.
O mais recente estudo sugere a combinação do Ritonavir com o Nirmatrelvir, este desenvolvido pela Pfizer, sendo capaz de reduzir em até 89% os casos de óbito por Covid-19 ou de hospitalização, se o tratamento tiver início em até cinco dias após o surgimento dos sintomas. O kit se chama Paxlovid. A terapia consiste em dois comprimidos de Nirmatrelvir com um de Ritonavir a cada 12 horas durante cinco dias.
O Ritonavir tem a função de inibir uma proteína chamada Protease, desse modo impedindo a multiplicação do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla em inglês) no organismo. No combate ao coronavírus, atuaria como medicação auxiliar para aumentar a concentração plasmática de Nirmatrelvir, fazendo com que o novo medicamento fosse melhor aproveitado.
O novo tratamento, de caráter emergencial, já foi autorizado pela Agência Europeia de Medicamentos, no último dia 16 de dezembro. Nos Estados Unidos, Escritório para Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também autorizou o uso emergencial, nesta quarta-feira (22/12).
Tratamento experimental na Espanha
Na Espanha, o Ritonavir foi utilizado como tratamento experimental no Hospital Virgen del Rocío de Sevilla, no início de 2020, de acordo com o diário espanhol “El País”. Lá, a pandemia chegou primeiro. O tratamento consistiu na combinação com Lopinavir, outro antirretroviral contra o HIV, e Interferon, uma proteína produzida no corpo humano como mecanismo de defesa contra vírus.
No entanto, um estudo pré-clínico publicado em outubro do ano passado no portal “Lancet”, uma das maiores revistas científicas do mundo, demonstrou que o uso combinado de Ritonavir com Lopinavir não apresentou redução significativa na carga viral em pacientes com Covid-19. Ou seja, não reduziu o tempo de internação nem o risco de mortes.
Estudo preliminar da Fiocruz
Em abril de 2020, em menos de dois meses do surgimento do primeiro caso de coronavírus no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um estudo “pré-print” na plataforma internacional “BiorXiv”, descrevendo que a combinação de Ritonavir com Atazanavir – outro antirretroviral utilizado no combate ao HIV – teve melhor resposta em comparação com a cloroquina. Não se sabe se o estudo foi adiante.
É sabido que a presidente da Fiocruz, Nise Yamaguchi, é uma forte defensora da cloroquina e da hidroxicloroquina. Ambos os fármacos são utilizados no tratamento contra a malária, lúpus e artitre reumatoide, mas não tem nenhuma comprovação científica no enfretamento ao Covid-19. O governo federal é um defensor ferrenho desses dois remédios no enfrentamento à pandemia.
Estudo “pré-print” significa que é um estudo pré-clínico e que ainda não foi submetido a uma revisão ou confirmação científica. Cabe destacar que tanto o Ritonavir quanto o Atazanavir são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e/ou produzidos pela Fiocruz.
A busca pela origem da mutação Ômicron
No atual momento, cientistas sul-africanos investigam se o surgimento da variante Ômicron do coronavírus teria surgido da mutação de outra cepa de Covid-19 numa pessoa infectada com HIV que não sabia ser portadora desta doença, segundo o canal britânico “BBC”. Ainda faltam estudos comprobatórios para tal teoria. Em um indivíduo soropositivo que não se trata com antirretrovirais, a carga viral de coronavírus pode durar vários meses, uma vez que a imunidade está suprimida.
A África do Sul registrou o intrigante caso de uma mulher cujos exames deram positivo para coronavírus por oito meses. Não está claro se ela tinha HIV ou não.
No Brasil, a aplicação de terceira dose de vacina contra o coronavírus em pessoas imunossuprimidas, incluindo portadores de HIV, é realizada 28 dias após a segunda dose, como forma de aumentar a imunidade em meio à pandemia.
A título de curiosidade e sem nenhuma intenção de promover estelionato emocional, é sabido que desde o início da pandemia de coronavírus houve inúmeros óbitos. Em inúmeros casos, os pacientes tinham comorbidades como diabetes, hipertensão, obesidade, insuficiência renal crônica, entre outras. Contudo, não se ouve falar na mídia de casos de mortes por Covid-19 em portadores de HIV em tratamento nem de pacientes que aderem à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o HIV. Nessas duas situações, há o uso de antirretroviral, sendo que na primeira o intuito é controlar a multiplicação do vírus HIV no organismo; e na segunda, a intenção é evitar o contágio de forma preventiva. Não são conhecidos estudos acerca do assunto, portanto é apenas uma mera observação. No entanto, a eficácia de antirretrovirais contra a Aids tem sido estudada como tratamento experimental e/ou emergencial contra o Sars-CoV-2, conforme descrito nesta reportagem. Pesquisadores também promovem ensaios clínicos sobre a atuação de antivirais contra hepatites e ebola, por exemplo, no enfrentamento à pandemia de Covid-19.
Por enquanto não existe cura contra o coronavírus oficialmente reconhecida, e sim algumas medicações que atuam de forma coadjuvante nos efeitos colaterais ou para evitar que o vírus se multiplique. Por outro lado, há vacinas disponíveis que ajudam a reduzir o risco de falecimento, embora a possibilidade de se infectar sempre exista, mesmo estando imunizado.
A comunidade científica internacional tenta buscar respostas para o aparecimento da mutação Ômicron, quando ainda não foi revelada a origem da cepa primária de Covid-19 que resultou na atual pandemia. O que se sabe é que o primeiro registro teria ocorrido na China, supostamente, no dia 8 de dezembro de 2019, há mais de dois anos, e que a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi notificada no dia 31 de dezembro do mesmo ano. Entretanto, há dúvidas se o vírus não estaria circulando há mais tempo na nação asiática.
Pandemia, epidemia, surto e endemia
O coronavírus está sendo considerado uma pandemia, porque é uma epidemia cujos efeitos já atingem escala global e está fora de controle. Já saiu da zona de controle de um país.
Quando a doença está concentrada num bairro ou cidade, é chamada de surto. Mas, quando se espalha para municípios vizinhos ou para todo estado ou país, passa a ser vista como uma epidemia. Um exemplo disso, para facilitar o entendimento, é a gripe, que era considerada surto na capital carioca, mas quando se espalhou para outras cidades fluminenses passou a ser considerada uma epidemia.
Uma doença é considerada endêmica, quando ela se repete com certa frequência num determinado intervalo de tempo.
Mais de 600 mil mortes no Brasil
Desde fevereiro de 2020 até essa terça-feira (21/12), o Brasil já contabilizou 617.948 mortes por Covid-19 e mais de 22,2 milhões de casos confirmados, conforme dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O estado de São Paulo registrou 155.008 óbitos, enquanto o Rio de Janeiro, 69.347, estando na segunda posição.
No Brasil, circulam cepas de coronavírus Gama, Delta e Ômicron. Essas diferentes variantes motivaram a aplicação de terceira dose de vacina e com imunizante diferente ao do aplicado nas duas primeiras vezes. O objetivo seria aumentar a produção de anticorpos.
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