Segunda-feira, 08 de outubro de 2018 Informação atualizada em 08/10/2018, às 14h43 No primeiro turno, Jair Bolsonaro ganha no exterior...
Segunda-feira, 08 de outubro de 2018
Informação atualizada em 08/10/2018, às 14h43
Informação atualizada em 08/10/2018, às 14h43
No primeiro turno, Jair Bolsonaro ganha no exterior e na maioria dos estados brasileiros, exceto no Pará e na região Nordeste; segundo turno será disputado contra Fernando Haddad
Imagem: Tânia Rêgo / Agência Brasil / Reprodução /
Creative Commons
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Jair Bolsonaro cercado por seguranças para votar |
Com 99,99% das urnas apuradas, às 2h34 desta segunda-feira (8/10), já é sabido que o segundo turno das eleições presidenciais de 2018, previsto para o próximo dia 28 de outubro, será entre Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e Fernando Haddad, conforme previsto pelos mais variados institutos de pesquisa. O primeiro colocado recebeu 49,3 milhões de votos, o equivalente a 46,03% dos votos válidos, enquanto que o segundo, 31,3 milhões de votos, o equivalente a 29,28%, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Independentemente do resultado, o ex-capitão do Exército é o grande vencedor deste pleito: com apenas 10 segundos de tempo na TV no horário eleitoral gratuito, ele conseguiu reverter essa desvantagem, em relação a outros candidatos, com uma intensa campanha nas redes sociais; além disso, seu partido, o Social Livre (PSL) se coligou somente com o Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB); e seu estilo extremamente conservador mudou a cara da política brasileira.
Nem mesmo a facada que levou em Juiz de Fora (MG), no último dia 6 de setembro, foi capaz de prejudicar completamente a campanha, embora o tenha impedido de fazer corpo a corpo nas ruas. Na ocasião, seu filho Flávio (PSL-RJ), deputado estadual pelo Rio de Janeiro que foi eleito senador, disse que o pai estaria “mais forte do que nunca para ser eleito presidente do Brasil no 1º turno”. De 10 segundos, Jair Bolsonaro ganhou 24 horas gratuitas de publicidade, inclusive concedeu entrevistas exclusivas à Rede Bandeirantes, Rádio Jovem Pan e RecordTV. De um jeito estranho, a tentativa de assassinato o poupou de participar de alguns debates, que poderiam comprometer as intenções de voto.
Imagens publicadas em redes sociais de supostas performances de nudismo durante os protestos do movimento “Mulheres Unidas contra o Bolsonaro” em várias partes do país, no fim do mês passado, cuja veracidade se coloca em dúvida, serviram para alimentar o ódio e a indignação de eleitores com tendências mais conservadoras e a ridicularizar os movimentos feministas.
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil / Reprodução /
Creative Commons
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Fernando Haddad (foto) e Ciro Gomes têm maioria dos votos no Nordeste |
Não dá mais para dizer que o “bolsonarismo” – leia-se um adjetivo para o conservadorismo – está em ascensão. Ele está em processo de consolidação. Seu êxito fala mais de seu eleitorado do que de si mesmo e está mudando a cara da política brasileira. Mais do que ansiarem por resposta em relação à crise na segurança pública, ao desemprego e ao combate à corrupção, seus eleitores deixam claro que são contra o aborto, a legalização das drogas, a esquerda, o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Lei Rouanet (de incentivo à cultura) e a favor do porte de armas e da família tradicional. Por outro lado, há quem veja que essa onda conservadora ‘tirou do armário’ muitos amantes da ditadura militar e preconceituosos, por conta das polêmicas declarações proferidas pelo candidato e por seu vice, o general Mourão (PRTB), e que seus simpatizantes costumam atribuir à suposta perseguição da imprensa, por tirar frases do contexto para tentar prejudica-los.
O “bolsonarismo” se ancorou no fracasso do socialismo na América Latina, principalmente devido aos escândalos de corrupção envolvendo o PT, da descrença do brasileiro em relação à política e à justiça e, sobretudo, do efeito Trump, com a vitória do presidente norte-americano, Donald Trump, e sua política ultraconservadora.
Diversos candidatos a cargos eletivos que associaram sua imagem e manifestaram apoio a Jair Bolsonaro (PSL-RJ) conseguiram se eleger ou disputarão um segundo turno. No Rio de Janeiro, por exemplo, foram eleitos sete deputados estaduais e 12 deputados federais. O primeiro colocado em cada um destes cargos é da chapa do ex-capitão. O candidato a governador Wilson Witzel (PSC-RJ), quem declarou voto em Bolsonaro, surpreendeu a todos nas urnas, ficando em primeiro lugar, e disputará o cargo com o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM-RJ). Já em São Paulo, contribuiu para a vitória de 10 candidatos a deputado federal, entre eles seu filho Eduardo (PSL-SP), com mais de 1,8 milhão de votos, a maior votação da história do estado, seguido pela jornalista Joice Hasselmann, com 1,1 milhão de votos. O comediante e ex-ator pornô Alexandre Frota também foi eleito, com mais de 155,5 mil. Para o legislativo estadual, ajudou a eleger 15 parlamentares, entre eles a advogada Janaína Paschoal (PSL-SP), uma das autoras do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG), com mais de dois milhões de votos.
Se Jair Bolsonaro (PSL-RJ) for eleito, tudo leva a crer que uma espécie de teocracia regerá as decisões políticas pelos próximos quatro anos, se considerar o forte apoio que receberá ante um Congresso extremamente conservador.
Bolsonaro venceu em todos os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul e também no exterior (no somatório de votos e sem descriminar em quais países). Contudo, perdeu no Pará (região Norte) e em todos os estados do Nordeste. Esta região será decisiva no segundo turno.
Bolsonaro venceu em todos os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul e também no exterior (no somatório de votos e sem descriminar em quais países). Contudo, perdeu no Pará (região Norte) e em todos os estados do Nordeste. Esta região será decisiva no segundo turno.
Não seria surpresa que, diante da polarização entre esquerda e direita – tendo esta Bolsonaro como novo protagonista – e independentemente do resultado no dia 28, o eleito poderia lidar com os mesmos tipos de protestos enfrentados por Dilma Rousseff (PT-MG), logo após sua vitória em 2014, por parte de seus opositores.
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