Quinta-feira, 26 de janeiro de 2017 Pelo menos dois países querem expulsar a Odebrecht por conta de corrupção Peru Imagem: Luis B...
Quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Pelo menos dois países querem expulsar a Odebrecht por conta de corrupção
Peru
Imagem: Luis Bays / Google Mapas /
Reprodução
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Fachada da construtora no Peru |
“(...) [A Odebrecht] terá que vender seus projetos, vários deles são muito bons em términos de fornecimento de energia, estradas etc.; (...) lamentavelmente [os projetos] têm este defeito da corrupção; [a empresa] tem que ir embora, acabou, e terá de chegar a um acordo com o Ministério Público”, instou o mandatário.
A empreiteira brasileira é investigada por suposto esquema de corrupção a agentes públicos e políticos peruanos na ordem de US$ 29 milhões, para realizar obras públicas entre 2005 e 2014, período que teve três presidentes.
Nessa terça-feira (24/1), por exemplo, o governo peruano multou a Odebrecht em US$ 262 milhões por descumprimento de contrato para a construção do Gasoduto do Sul e a exploração do mesmo pelos próximos 34 anos. O consórcio no qual a empreiteira lidera – com a participação da peruana Graña y Montero e a espanhola Enagás – não conseguiu provar que tinha garantias financeiras de arcar com as obras, que estão avaliadas em mais de US$ 7 bilhões. Por conta disso, perdeu o direito de construir e explorar o negócio firmado em 2014 durante a gestão do então presidente Ollanta Humala.
Devido às investigações, o ex-presidente Ollanta Humala e a ex primeira-dama Nadine Heredia estão proibidos de deixar o país. Só poderão fazê-lo mediante autorização judicial. A empreiteira teria feito doações à campanha eleitoral dele em 2011, informou o diário local ‘El Comercio’.
Em comunicado, a empreiteira pediu desculpas à sociedade e aos 10 mil funcionários ‘pelos graves erros cometidos por ex-dirigentes’.
“A empresa está fazendo todo o possível para expor e aclarar em detalhe todos os fatos, fazendo com que a justiça chegue a todos os envolvidos, permitindo também o pagamento da justa reparação ao Estado. Para isso, assumiu compromisso formal para colaborar irrestritamente com as investigações, seguindo o modelo dos Estados Unidos e do Brasil, onde a empresa manteve suas operações”, disse a Odebrecht num trecho do comunicado.
Pelos próximos 20 anos, a empresa pagará ao Brasil, aos Estados Unidos e à Suíça US$ 2,1 bilhões em indenizações por danos aos cofres públicos. Desse total, 85% irão para o Brasil. No Peru, a cifra ainda não foi calculada.
Expulsar a empresa tem mais um caráter populista e protecionista: primeiro, porque a saída dela não resultará no fim da corrupção; segundo: uma desculpa para proteger as empresas nacionais.
Colômbia
Mas, não é só em Lima que a Odebrecht está se tornando indesejada. Na Colômbia, por exemplo, foi expulsa da Câmara Colombiana de Infraestrutura (CCI), associação que representa empresas de engenharia e de serviços, no último dia 16 de janeiro. É a primeira vez na história dessa entidade que uma companhia é excluída.
A construtora brasileira é investigada por oferecer supostos subornos de aproximadamente US$ 11 milhões na obtenção de contratos entre 2009 e 2014. No último dia 12 de janeiro, o ex vice-ministro de Transportes Gabriel García Morales – durante o governo de Álvaro Uribe – foi detido, sob acusação de, supostamente, receber US$ 6,5 milhões. O ex-senador Otto Nicolás Bula Bula também foi detido, acusado de, supostamente, receber US$ 4,6 milhões em propina, de acordo com o diário local ‘El Tiempo’.
O presidente da Agência Nacional de Infraestrutura da Colômbia (ANI), Luís Fernando Andrade, disse estar trabalhando para que a empreiteira deixe o país: “Estamos trabalhando para conseguir a saída definitiva da Odebrecht da Colômbia”.
Panamá
Na semana passada, a Odebrecht também foi expulsa da Câmara de Comércio, Indústrias e Agricultura do Panamá (CCIAP). A empresa é investigada por, supostamente, ter pago subornos de US$ 59 milhões a servidores públicos entre 2009 e 2014.
A empreiteira terá de pagar valor igual em indenização, após acordo firmado com a Procuradoria-Geral do Panamá recentemente.
República Dominicana
Por conta da repercussão internacional que tomou a operação Lava-Jato, que apura um suposto esquema de corrupção na Petrobras, no qual a Odebrecht é uma das principais empresas investigadas, vários países, onde ela tem ou teve negócios, decidiram investigar a sua atuação, não só na questão de pagamento de propinas como também por supostos crimes de tráficos de influência por parte de políticos brasileiros ante os governos locais. A companhia logrou vários contratos não só no Brasil como no exterior durante as gestões petistas.
Na República Dominicana, por exemplo, firmou acordo para pagar US$ 184 milhões como reparo pelos supostos subornos praticados para conseguir contratos entre 2001 e 2014. A cifra é o dobro do que a empresa teria pago a agentes públicos.
No último dia 18 de janeiro, o escritório da empresa na nação centro-americana foi alvo de uma operação da Procuradoria-Geral da República com a Procuradoria Especial para Perseguição da Corrupção Administrativa (Pepca). Os policiais apreenderam materiais e dados que ajudassem nas investigações. O site da Odebrecht dominicana estava fora do ar, por volta da meia-noite desta quinta-feira (26) pelo horário de Brasília.
Venezuela
Em março do ano passado, o Congresso venezuelano – liderado por opositores ao chavismo – anunciou que investigaria supostas irregularidades entre o governo e empresas brasileiras, entre elas a Odebrecht. A empresa tinha contratos que ultrapassavam os US$ 20 bilhões e é investigada por ter, supostamente, feito doações à campanha de reeleição do então presidente Hugo Chávez, em 2012.
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