Sábado, 13 de setembro de 2025 Os participantes do festival musical criticam o genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza e o suposto u...
Sábado, 13 de setembro de 2025
Os participantes do festival musical criticam o genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza e o suposto uso político da competição por Israel
Posicionamento de emissoras de TV
Imagem: Eurovisión - YouTube - Reprodução
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Yuval Raphael é sobrevivente do ataque do Hamas e ficou em 2º lugar no Eurovisión 2025 |
Alguns países europeus ameaçaram boicotar a edição 2026 do Eurovisión, cuja final está prevista para maio do ano que vem em Viena, na Áustria, caso os organizadores do festival de musical não expulsem Israel. O rechaço se deve à atuação da nação judaica no conflito na Faixa de Gaza, incluindo os bombardeios que resultaram na morte de alguns jornalistas estrangeiros recentemente. Entre os exemplos que se posicionaram diretamente, esta semana, estão Irlanda e Holanda.
Na Irlanda, o canal de TV RTÉ publicou uma nota, na última quinta-feira (11/9), na qual condicionava a participação à exclusão de Israel. E acrescentou que vários membros ‘levantaram preocupações’ sobre o assunto durante a Assembleia Geral da União Europeia de Radiodifusão (UER) em julho deste ano.
“(…) A posição da RTÉ é que a Irlanda não participará do Festival Eurovisão da Canção 2026 se a participação de Israel for adiante, e a decisão final sobre a participação da Irlanda será tomada quando a decisão da UER for tomada.
A RTÉ considera que a participação da Irlanda seria inconcebível, dada a contínua e terrível perda de vidas em Gaza. A RTÉ também está profundamente preocupada com o assassinato seletivo de jornalistas em Gaza, com a negação de acesso de jornalistas internacionais ao território e com a situação dos reféns restantes”, manifestou a televisora irlandesa.
Na Holanda, a emissora de TV Avrotros também disse que ‘não se pode mais justificar a participação de Israel na situação atual, dado o severo e contínuo sofrimento humano em Gaza’ e mencionou uma suposta censura à liberdade de imprensa durante a cobertura da guerra, ademais o suposto uso político por parte das autoridades israelenses.
“(…) A Avrotros não pode mais justificar a participação de Israel na situação atual, dado o severo e contínuo sofrimento humano em Gaza. Além disso, a emissora expressa profunda preocupação com a grave erosão da liberdade de imprensa: a exclusão deliberada de reportagens internacionais independentes e as inúmeras baixas entre jornalistas.
Além disso, há comprovada interferência do governo israelense durante o último Festival Eurovisão da Canção, com o evento sendo usado como instrumento político. Isso contradiz a natureza apolítica do Festival Eurovisão da Canção. Essas circunstâncias conflitam com os valores que a Avrotros representa como emissora pública.
Portanto, a emissora decidiu que a participação da Avrotros no Festival Eurovisão da Canção 2026 não será possível enquanto Israel permanecer admitido pela UER. Caso a UER decida não admitir Israel, a Avrotros terá prazer em participar no próximo ano. Enquanto aguardamos essa decisão, todos os preparativos continuam normalmente”, expressou o canal público dos Países Baixos.
Em cada país-membro, um canal televisivo é responsável pelas transmissões e competições em nível local para a escolha do candidato ou candidata que representará determinada nação no referido festival.
Na Espanha, por exemplo, o ministro da Cultura, Ernest Urtasun, cogitou retirar o país do Eurovisión 2026, mas reforçou que a palavra final é do canal estatal RTVE. Em entrevista a um programa nessa emissora, acusou o governo israelense de ‘genocida’ e destacou que quando a Rússia foi retirada do festival em 2022, por conta da guerra contra a Ucrânia, ninguém se colocou contra.
Eslovênia e Islândia também alertaram sobre um possível boicote pelos mesmos motivos. Essas delegações, incluindo a Irlanda, já haviam questionado formalmente a presença de Israel nessas competições musicais ainda nos torneios deste ano
Polêmicas do Eurovisión 2025
Na edição de 2025, participou a artista israelense Yuval Raphael (foto), sobrevivente do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Ela ficou em segundo lugar no torneio. Durante suas apresentações, a plateia que assistia aos shows a vaiaram e levantaram cartazes contra Israel.
A edição 2025 do festival Eurovisión ainda estava em andamento e já era marcada por polêmicas. A RTVE pediu uma auditoria do televoto espanhol que deu nota máxima, de 12 pontos, à competidora israelita, que alcançou a segunda colocação.
Na época, o caso ganhou contornos de crise diplomática. Para o ministro da Diáspora e da Luta contra o Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, o televoto espanhol foi uma ‘bofetada’ no primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez: “Sánchez, parece que os espanhóis falaram e a bofetada foi ouvida aqui em Jerusalém”.
O chefe de governo espanhol publicou em suas redes sociais apoio aos palestinos: “A espiral de violência e sofrimento em Gaza tem que terminar. Transmiti ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, toda a solidariedade da Espanha com o povo palestino. A Espanha fará o que estiver ao seu alcance para colocar fim nessa barbárie”.
Durante a transmissão da segunda semifinal, no último dia 15 de maio, os apresentadores da RTVE Julia Varela e Tony Aguilar questionaram a participação da competidora israelense e recordaram os mais de 50 mil civis palestinos mortos, dos quais 15 mil seriam crianças, conforme estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) naquela ocasião.
A UER – organizadora do festival – enviou uma advertência à RTVE, ameaçando multá-la, caso os comentaristas mencionassem novamente sobre o que está ocorrendo no Oriente Médio, ao alegar violação das normas de neutralidade política no concurso de canções.
Em resposta, a televisora espanhola reafirmou as falas de seus funcionários e apoio à Gaza. Antes da transmissão da final do festival, no dia 17 de maio, publicou uma mensagem no fundo preto com letras brancas em espanhol e com tradução em inglês: “Quando os direitos humanos estão em jogo, o silêncio não é uma opção. Paz e justiça aos palestinos”.
Já o canal belga VRT, por exemplo, buscou um modo inusitado de protestar contra a presença de Israel na competição. Durante a semifinal, transmitiu o filme ‘Fale pela Palestina’.
Também cabe mencionar que, em abril deste ano, a RTVE enviou uma carta à União Europeia de Radiodifusão, solicitando um debate entre as emissoras que cobrem o festival sobre a continuidade da TV pública israelense Kan.
O Eurovisión é realizado anualmente desde 1956. Ao todo, participam 37 países, sendo a grande maioria europeus, com exceção de Israel, localizado na Ásia. A edição de 2025 ocorreu em Basileia, na Suíça.
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