Sexta-feira, 20 de setembro de 2013 Trânsito caótico, conduções mais lotadas e medo de confusão decorrente de atos de vandalismo e supostas...
Sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Trânsito caótico, conduções mais lotadas e medo de confusão decorrente de atos de vandalismo e supostas atrocidades cometidas por certos agentes da lei para combater excessos. São esses alguns dos fatores que têm implicado no sentimento de rechaço ou de indiferença por parte da população brasileira ante a onda de protestos, a qual até então tinha sido apoiada pela mesma. Todo dia tem manifestação em algum lugar e contra algum problema específico, desse modo saindo do interesse público para o particular. Mas, quantas pessoas sabem disso e/ou têm acompanhado??? No último dia 17 de setembro, por exemplo, professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro realizaram um ato pacífico desse tipo por ruas do centro da capital, e à tarde fizeram parada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em apoio aos homólogos da rede estadual acampados lá, que também estão em greve desde o início do mês passado por melhorias salariais. Quem costuma pegar ônibus na Rua Primeiro de Março, por volta das 17h, por exemplo, a encontrava fechada e com pelo menos mil manifestantes. Não passava nenhum veículo ali. As alternativas eram caminhar até a Praça 15, à Avenida Presidente Vargas ou encarar um metrô lotado para a volta para casa.
Trânsito caótico, conduções mais lotadas e medo de confusão decorrente de atos de vandalismo e supostas atrocidades cometidas por certos agentes da lei para combater excessos. São esses alguns dos fatores que têm implicado no sentimento de rechaço ou de indiferença por parte da população brasileira ante a onda de protestos, a qual até então tinha sido apoiada pela mesma. Todo dia tem manifestação em algum lugar e contra algum problema específico, desse modo saindo do interesse público para o particular. Mas, quantas pessoas sabem disso e/ou têm acompanhado??? No último dia 17 de setembro, por exemplo, professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro realizaram um ato pacífico desse tipo por ruas do centro da capital, e à tarde fizeram parada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em apoio aos homólogos da rede estadual acampados lá, que também estão em greve desde o início do mês passado por melhorias salariais. Quem costuma pegar ônibus na Rua Primeiro de Março, por volta das 17h, por exemplo, a encontrava fechada e com pelo menos mil manifestantes. Não passava nenhum veículo ali. As alternativas eram caminhar até a Praça 15, à Avenida Presidente Vargas ou encarar um metrô lotado para a volta para casa.
Basta chegar perto de alguém para conversar sobre esses eventos, e logo se escutam coisas do tipo “já estão enchendo o saco”, “que coisa chata”. Quando se comenta que houve mais uma manifestação, tem gente que pergunta sobre o quê, se mostra surpresa ou então faz pouco caso. E nem todos esses acontecimentos viram notícia. Teoricamente, o brasileiro estaria voltando ao seu estado normal de inércia, de esquizofrenia coletiva e de indiferença ante os problemas que os afeta. Não se questiona aqui o fato de manifestar-se, porque esse é um direito democrático e legítimo, garantido pela Constituição Federal, e sim a sua banalização. A motivação que começou com míseros R$ 0,20 aparentemente terminou como tal. Um fenômeno só é considerado fenômeno, porque ocorre ocasionalmente. O que vinha sucedendo com os manifestos acabou perdendo tal essência, simplesmente por ter caído na rotina. Em termo literal, o “gigante” teria voltado a dormir e por enquanto não assusta mais ninguém.
Quantas pessoas realmente estão interessadas hoje em se manifestar contra isso ou aquilo??? Provavelmente, bem menos do que antes, quando certa vez só o Rio de Janeiro teria registrado 100 mil pessoas nas ruas, São Paulo, mais 60 mil, e o país todo teria contabilizado um milhão. Apesar de não haver nenhuma explicação única ou específica para tamanha redução, é possível tentar: 1) o brasileiro se acomodou ao ver algumas melhorias; 2) a violência e os excessos nos protestos contribuíram.
Ficam em evidência as correntes migratórias desencadeadas por esses atos que tiveram início no último dia 6 de junho, em São Paulo, contra o reajuste nas tarifas de transportes públicos e os gastos elevados para a Copa do Mundo de 2014. De repente, as razões pelos manifestos iam além: contra as PEC 33/2011 e 37/2011; o PDC 234/2011; a corrupção; a impunidade; a política; o fracasso da educação; o caos na saúde; políticos específicos como o governador fluminense, Sérgio Cabral, e o prefeito carioca, Eduardo Paes; o desparecimento do tal pedreiro Amarildo de Souza; e por aí vai... Com o combo de indignações, os protestos ganharam nova forma e por algum tempo foram capazes de pressionar mudanças políticas e a aprovação ou arquivamento de pautas no Congresso. Por exemplo: a recente aprovação de que 75% dos royalties do petróleo sejam destinados à educação e os 25% restantes, à saúde; o arquivamento do PDC 234/2011, popularmente tachado de “cura gay”; entre outros.
Não se pode negar que houve quem quisesse tirar uma “casquinha” da situação. Em várias ocasiões, pode-se notar uma espécie de tentativa de reivindicação da autoria das manifestações. Eram frequentes as vaias contra militantes de centrais sindicais e partidos que ousassem levantar suas bandeiras, quando os protestos eram justamente uma insatisfação generalizada contra quem buscava se somar e se misturar para tentar se excluir do foco popular. Mas, o direito de “propriedade” ou de reconhecimento de participação também contou com movimentos supostamente anarquistas. O último, por exemplo, foi o de um grupo de mascarados com roupas pretas autointitulado “Black Bloc”. Infelizmente, o que este acabou fazendo foi dispersar a população em vez de uni-la, por causa de certos confrontos com a polícia e com certos atos marcados por suposto vandalismo. Isso foi um favorzão à classe política que tinha que “engolir” a seco as críticas e posar de solidária ante as reivindicações.
Percebe-se que o povo deste país nunca teve vocação para protesto, tampouco foco. Se o tem está desfocado ou mal direcionado. No último dia 11 de setembro, um grupo de baianos protestou contra a saída de um cantor de uma banda na qual faz parte. Com isso, causando um nó no trânsito. Mas, quantos o fizeram em relação à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) por conceder um novo julgamento a réus do Mensalão por meio da aprovação dos embargos infrigentes??? Enquanto uns preferem dançar axé, outros “sambam” na cara da sociedade!!! Quantos pais de alunos estão nas ruas do RJ se solidarizando aos docentes em greve, manifestando-se contra os problemas na educação, o impasse nas negociações entre a categoria e o governo e o fato de seus filhos estarem sem estudar???
Proibição de máscaras no RJ
O que era símbolo de resistência foi demonizado. No último dia 11 de setembro, o governador Sérgio Cabral sancionou a Lei n° 6.528/2013, que veta o uso de máscaras em manifestações, com exceções para eventos culturais como carnaval e paradas gays. Além disso, a polícia precisa ser avisada com no mínimo 48 horas de antecedência sobre quaisquer protestos. O projeto que deu origem a essa medida é dos deputados estaduais Domingos Brazão e Paulo Melo, que alegaram que a ocultação de rosto dificulta a identificação de manifestantes. Esses dois parlamentares são do PMDB, a mesma legenda do mandatário fluminense.
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