Quarta-feira, 17 de maio de 2017 Delação premiada de executivos da JBS atinge Temer e Aécio O deputado federal Alessandro Molon (Rede-...
Quarta-feira, 17 de maio de 2017
Delação premiada de executivos da JBS atinge Temer e Aécio
Delação premiada de executivos da JBS atinge Temer e Aécio
O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou na Câmara, na noite desta quarta-feira (17/5), um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer (PMDB-SP) por suposto crime de responsabilidade. Ação se deveu à reportagem do colunista Lauro Jardim, do jornal ‘O Globo’, de hoje (17), informando que executivos do grupo JBS – detentor das marcas Seara e Friboi – fizeram delação premiada. Os irmãos Joesley e Wesley Batista declararam ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o peemedebista (foto 1), supostamente, estava ciente do suborno pago ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao operador financeiro Lúcio Funaro, para que se mantivessem calados no âmbito da operação Lava-Jato. Esses dois estão presos.
Dessa vez, a imprensa tradicional acertou, quando usou no momento devido a chamada ‘urgente’ nas redes sociais. O uso dessa expressão tem banalizado o jornalismo ou então tudo no país é caso de urgência.
Dessa vez, a imprensa tradicional acertou, quando usou no momento devido a chamada ‘urgente’ nas redes sociais. O uso dessa expressão tem banalizado o jornalismo ou então tudo no país é caso de urgência.
Michel Temer
Imagem: Antônio Cruz / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
“Tem que manter isso, viu?”, instou o mandatário durante um encontrou que teve com Joesley Batista, em março passado, no Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente. Os empresários destacaram que Temer não pediu nenhum tipo de pagamento de suborno, mas teria consentido com a prática. A conversa foi gravada, mas não foi tornada pública ainda.
Joesley e Wesley, além de cinco executivos do grupo, estiveram na suprema corte no último dia 10 de maio. Não há informações de que as denúncias tenham sido homologadas nem confirmadas ainda ou desmentidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O dono da JBS foi até Temer para resolver uma pendência junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em relação a Petrobras, e foi orientado a contatar o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Os proprietários da JBS questionavam o alto preço do gás natural boliviano revendido pela estatal brasileira a uma termelétrica do grupo, já que não poderiam compra-lo diretamente da fonte. Pelo suposto favor foi combinado um pagamento semanal de R$ 500 mil durante 20 anos. Ao menos uma das entregas da grana foi gravada pela Polícia Federal.
Em nota, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) negou que tivesse solicitado pagamentos para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e disse também não ter autorizado ninguém a falar em nome dele.
Na Câmara, deputados de oposição pediram a renúncia imediata de Michel Temer e eleições diretas. Para que isso aconteça, é necessário aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), tendo em vista que com a saída de um chefe de Estado nos dois anos finais ao mandato, a Constituição Federal determina eleições indiretas, ou seja, votam somente deputados federais e senadores.
O deputado federal Esperidião Amin (PP-SC), relator da PEC nº 227/2016, que propõe eleições diretas para presidente da República, apresentou pedido de urgência na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara. O requerimento poderá ser analisado já nessa quinta-feira (18).
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) falou que a oposição no Senado também pretende pedir o impeachment do peemedebista. Na ocasião, o petista foi criticado pelos senadores Magno Malta (PR-ES) e José Medeiros (PSD-MT), que disseram que eles não levavam a sério as delações premiadas quando se tratavam de gente de seu partido.
A denúncia veio a público a menos de um mês para a retomada do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que poderá livrá-lo da cassação. Como se sabe, logo após as eleições de 2014, o candidato derrotado a presidente da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), ingressou com uma ação contra a coligação Dilma-Temer, alegando que a campanha teria usado dinheiro de caixa dois da Petrobras. Na última sexta-feira (12), o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou pela cassação da chapa vencedora de 2014 e pela inelegibilidade apenas da ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS) por oito anos, apesar de a petista argumentar que a campanha teria depositado dinheiro na conta do peemedebista.
As denúncias contra Temer enfraquecem mais ainda um governo considerado impopular e ‘golpista’, por conta do juízo político que culminou com a deposição de sua ex-colega de chapa por suposto crime de responsabilidade, em agosto do ano passado.
Não seria estranho se nos próximos dias o Congresso Nacional decidisse discutir ou votar pautas bombásticas como as reformas trabalhista e previdenciária, por exemplo, para desviar a atenção da população a respeito das denúncias envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB-SP) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Aécio Neves
Imagem: Agência Brasil / Reprodução /
Creative Commons
Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi acusado de ter, supostamente, pedido R$ 2 milhões a Joesley Batista, para pagar despesas advocatícias em sua defesa na Lava-Jato, publicou o colunista Lauro Jardim, de ‘O Globo’. O suposto diálogo é estarrecedor:
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, sugeriu Joesley.
“Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu, porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do ‘caralho’”, comentou o tucano.
Em nota, a assessoria de Aécio Neves (PSDB-MG) disse que ele estaria ‘absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. O parlamentar (foto 2) aguarda conseguir acesso às acusações para se manifestar. Ele é um recordista em menções em delações premiadas e em todas negou qualquer envolvimento.
Imagem: Twitter / Reprodução
Às 20h34 desta quarta-feira (17), o escândalo esteve em sete dos 10 assuntos mais discutidos no twitter (foto 3) a nível nacional, incluindo a citação ao Jornal Nacional, principal telejornal do país. As revelações divulgadas provocaram uma espécie de baque, o que não significa, teoricamente, uma surpresa.
Essa colaboração premiada pode minar de vez as poucas chances que o senador teria para disputar as eleições de 2018. No ano passado, o tucano esteve num dos protestos organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), em São Paulo, que pedia a renúncia de Dilma Rousseff e o combate à corrupção.
Nas redes sociais, o MBL instou a renúncia de Temer. Vale lembrar que na última manifestação ocorrida em março deste ano e que foi considerada um fiasco, estava proibido dizer ‘Fora Temer’.
Guido Mantega
Nem o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, dos governos Lula e Dilma, escapou das acusações da JBS. Ele foi acusado de ser o suposto negociador de propinas a ser distribuído entre petistas e aliados e um operador dos interesses do grupo empresarial no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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