Segunda-feira, 16 de março de 2015 Informação atualizada em 17/03/2015, às 12h41 Em protesto no Centro do Rio, manifestantes pediam int...
Segunda-feira, 16 de março de 2015
Informação atualizada em 17/03/2015, às 12h41
Informação atualizada em 17/03/2015, às 12h41
Em protesto no Centro do Rio, manifestantes pediam intervenção militar
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Diferente do protesto em Copacabana, marcado por um sentimento de brasilidade, o do Centro do Rio, também contra a presidente Dilma Rousseff, no domingo (15/3), se caracterizou pelo nacionalismo e exaltação aos militares. Apesar de o público ter sido bem menor, em média umas mil pessoas, parecia ter maior sintonia, a começar pelo consenso de uma intervenção militar. Pelo menos era o que se podia ler em grande parte dos cartazes.
Na verdade, pode-se dizer que foi bem mais do que isso. Foi um confronto à própria História, àquela vivida daquela interpretada atualmente. Uma batalha entre o passado e o presente, cujo pivô é o futuro… do país. Note-se que quem pedia nova intervenção militar, parecia ter rasgado os livros de História e ignorado tudo o que o país viveu por 21 anos. Ainda que a interpretação que se possa ter é a de que os militares defenderam o país do comunismo, e que a Comissão da Verdade, criada durante o governo Lula, para apurar crimes do regime, seria uma suposta falácia ou um jeito de recontar a verdade.
Uma coisa é pedir o impeachment de Dilma Rousseff, sob alegação de que ela, supostamente, estaria ciente das falcatruas na Petrobras antes do caso vir à tona, o que seria considerado uma improbidade administrativa. Outra coisa é pedir nova intervenção militar. A questão é muito complexa, se considerado que a mandatária foi reeleita democraticamente por 54 milhões de eleitores. Ainda que o Artigo 142 da Constituição fale em 'defesa da pátria', qualquer ato poderia ser considerado como um golpe de estado, tendo em vista que o suposto perigo à democracia é mais tácito do que tangível, não que isso não possa ser real. Trata-se apenas de um jogo no qual ninguém arrisca colocar as cartas na mesa. Só isso.
O ato do dia 15 contra Rousseff, no Centro, começou às 14h, com ponto de encontro próximo à Igreja da Candelária, e foi organizado pelo autointitulado movimento Resistência RJ.
Militante do PSDB se envolve em confusão
Na ocasião, o militante do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) Marcos Cristiano Pereira das Neves, de 37 anos, se envolveu em uma confusão e precisou ser protegido pela Polícia Militar. Misturado aos manifestantes, ele ficava gritando para quem um dos organizadores do evento, fantasiado de super-herói (não era o famoso Batman), em um carro de som, tirasse a máscara. Seu discurso acabou fomentando alguns outros populares a instar o mesmo. O tal mascarado se recusou a fazê-lo, alegando estar numa 'democracia'. Após alguns minutos de discussão, um homem identificado apenas como doutor Emílio, ligado à maçonaria, defendeu o mascarado, e acusou Neves, morador de Bangu, na Zona Oeste, de ser militante petista infiltrado para criar confusão. De imediato, o público ao redor queria agredi-lo, e policiais tiveram fazer um círculo em volta dele.
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Militante aparece no segundo momento do vídeo
Ao OPINÓLOGO, Marcos Cristiano disse ser empresário e do PSDB. O clima ficou tenso por uns 20 minutos. Manifestantes tentavam impedi-lo de dar entrevista à imprensa e o xingavam. Seu nome consta na relação de filiados disponibilizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e em seu perfil no Facebook há postagens públicas, verificadas por este jornalista, contra o PT e o governo.
Ao OPINÓLOGO, Marcos Cristiano disse ser empresário e do PSDB. O clima ficou tenso por uns 20 minutos. Manifestantes tentavam impedi-lo de dar entrevista à imprensa e o xingavam. Seu nome consta na relação de filiados disponibilizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e em seu perfil no Facebook há postagens públicas, verificadas por este jornalista, contra o PT e o governo.
Para Neves, um líder de protesto não deveria portar máscara, deveria mostrar o rosto como ele o fazia.
“O PT (Partido dos Trabalhadores) tem que ser enquadrado como quadrilha”, gritava Neves, numa tentativa de conter a ira dos demais.
Caminhada ao Comando Militar do Leste
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Manifestantes foram diretamente pedir aos militares uma intervenção, no Comando Militar do Leste |
“[Santiago] morreu pelas mãos dos criminosos pagos pelo PT e PSOL (Partido Socialismo e Liberdade)”, diziam os manifestantes.
Os organizadores disseram ser contra a reforma política e a reforma constitucional, enquanto o PT estiver no poder. O temor se deve ao fato de o falecido mandatário venezuelano Hugo Chávez ter feito mudanças similares na Constituição, o que o permitiu governar por 14 anos, a implantar a falida Revolução Bolivariana, a perseguir a imprensa, entre outros.
“Bolsa Família é manipulação da miséria!!! Filho não poder ser feito de baile funk. Usem camisinha!!!”, expressavam os organizadores.
Para o militar da reserva não remunerado, o paraquedista Rogério Rodrigues, sua categoria estaria disposta a lutar em defesa da pátria. Assim sustentou a este repórter.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
A médica protesta novamente |
Militarismo
Já que existe sempre a comparação e o temor de que o Brasil se torne uma republiqueta bolivariana, não custa nada lembrar que o falecido líder venezuelano Hugo Chávez era um tenente-coronel, e se manteve no poder por mais de uma década, graças à cumplicidade e conivência dos militares. Embora a comparação pareça absurda, ainda assim é válido mencioná-la.
Um novo protesto antigoverno está sendo agendado para o próximo dia 31 de março, data que coincide com o aniversário do golpe militar de 1964. Para os organizadores, a data seria a do 'contragolpe'.
Apesar de ser um fim de semana, este 15 de março de 2015 não foi mera coincidência. Há exatos 30 anos terminava a Ditadura Militar.
O comércio do impeachment
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Ambulante aproveita para lucrar |
Já o grupo autointitulado Revoltados On Line resolveu personalizar a coisa: uma camiseta polo 'Impeachment Já' custa R$ 99. Enquanto que um kit composto por blusa, boné e panfletos, R$ 175. O dinheiro arrecadado serviria para financiar o aluguel de carros de som, preparar materiais de campanha antigoverno, entre outras despesas.
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