Mais de 1,7 milhão de famílias renunciam voluntariamente ao Bolsa Família, diz Planalto

Sexta-feira, 06 de fevereiro de 2015 Imagem: Agência Brasil / Reprodução / Creative Commons Ilustração Não é todo dia que se vê um...

Sexta-feira, 06 de fevereiro de 2015

Imagem: Agência Brasil / Reprodução / Creative Commons

Ilustração

Não é todo dia que se vê uma notícia como essa. Ao que parece, mais de 1,7 milhão de famílias teriam renunciado voluntariamente ao Bolsa Família – principal programa estatal de distribuição de renda a famílias em extrema pobreza –, porque “não precisavam mais da ajuda do governo. O principal motivo para o desligamento é a melhoria da renda dessas famílias”, segundo o Palácio do Planalto.

Um exemplo é o da gaúcha Simone Nunes Vieira, de 30 anos. Com três filhos, começou a receber o benefício em 2011, que complementava o orçamento familiar, uma vez que o salário do marido em uma loja de material de construção não era suficiente para pagar despesas básicas com alimentação e roupas. Em 2013, conseguiu um emprego, após fazer um curso de pedreira em alvenaria pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) – do governo federal em parceria com instituições de ensino privadas – e outro de carpinteira.

Quatro meses depois, Simone Vieira teve o salário aumentado de R$ 880 para R$ 1,5 mil. Sua renda com a do esposo somavam R$ 2,2 mil.

Outros 1,1 milhão de beneficiários foram desligados, desde o início do programa em 2003, por não terem se recadastrado.

Caso similar ao de Simone é o do ex-flanelinha Samuel Rosa, de 28 anos, de Minas Gerais, que deixou o benefício, em 2012, para se tornar um microempreendedor individual, com registro no MEI. Com sua renda de R$ 1,5 mil, à época, com seu lava-jato móvel, sustentava a esposa e o filho de quatro anos. Recebeu por três anos o recurso.

Dos 3,8 milhões de microempreendedores registrados até abril de 2014, 390 mil seriam beneficiários do Bolsa Família, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Em 2013, o valor orçado para o programa era de R$ 24 bilhões. 13,8 milhões de famílias, com renda média mensal de R$ 140 por pessoa, estavam cadastradas na ocasião. Atualmente, esse valor é de R$ 154.

O Bolsa Família é um programa bastante criticado e tachado como “Bolsa Esmola” ou “Bolsa Preguiça”, que incentiva pobre a fazer filhos, cria dependência, entre outras coisas. É atribuído, inclusive, como o principal fator de reeleição da presidente Dilma Rousseff, em outubro passado, especialmente por sua votação expressiva na região Nordeste. Foi criado em 2003, durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2013, um boato de que o benefício seria cortado levou milhares de pessoas, desesperadas, a sacar antecipadamente a grana, o que provocou longas filas nas agências da Caixa Econômica Federal e casas lotéricas. O que surpreendeu nessa história foi o dinheiro estar nas contas antes da data de saque.

Em dezembro passado, a Prefeitura de São Paulo anunciou que incluiria estrangeiros no Cadastro Único, para que pudessem receber o Bolsa Família. A estimativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos era de 370 mil imigrantes regulares, porém poderia chegar a um milhão. Os principais beneficiários seriam haitianos e bolivianos.

A ideia do programa em si não é ruim. No entanto, precisa de fiscalização eficaz. Em 2013, o MDS identificou 2.168 políticos (prefeitos e vereadores) eleitos em 2012, que recebiam o benefício. O pagamento foi suspendido. Estima-se que R$ 308 mil tenha sido sacado de maneira irregular, segundo a “Agência Brasil”. Só falta saber se houve devolução!!!

Fatos como o citado no parágrafo anterior servem para fomentar o rechaço ao Bolsa Família e a descrença da sociedade na classe política. Diga-se de passagem, já não é bem-vista.