Brasileiros têm tendência ao “Distracionismo” Político

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Enquanto o STF julga os réus do Mensalão, brasileiros falam de novelas, esportes, greves e punições a operadoras de telefonia, entre outros temas cotidianos.

Imagem: Divulgação

Prestar atenção em tudo à volta é o que
diferencia um indivíduo dos demais

Quantos olhos o brasileiro deveria ter para poder acompanhar melhor a realidade que o cerca???: Dois, quatro, seis, dez, cem, mil, ...??? As perguntas parecem meio curiosas, para não dizer ousadas – já dizendo. No entanto, são necessárias. O que Você, por exemplo, sabe sobre o julgamento dos réus do Mensalão? Muitos, provavelmente, vão se lembrar apenas do recente caso de dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dormindo em pleno expediente. Também não é novidade pra ninguém, que uma grande maioria deste país não é adepta à política e ainda por cima tem amnésia eleitoral. Principalmente, quando o atual momento está recheado de “distracionismo” político: de um lado as novelas “Avenida Brasil” – especialmente a vingança entre Nina e Carminha – e “Cheias de Charme” – a das “empreguetes” – que estão “pegando fogo”. Do outro, as Olimpíadas (de 2012, na capital inglesa), que em anos anteriores despertavam mais interesse do público – quando passava em outra emissora –, salvo pelo futebol que ainda tem chance de medalha de ouro, algo inédito na nossa história. Sem contar a greve dos professores das universidades federais que já dura quase três meses. E pra completar, o protesto de agentes da Polícia Federal ocorrido na última quarta-feira (8/8) na Ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, ainda mais quando um ônibus pegou fogo durante a ocasião. Todavia, não se poderia esquecer a reviravolta no setor de telecomunicações: quando as operadoras Tim, Oi e Claro foram proibidas de vender novos chips no dia 30 do mês passado por má prestação de serviços. E agora, a companhia italiana estaria sendo acusada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de, supostamente, interromper as ligações depois de determinado tempo no plano “Infinity” – pré-pago –, o que obrigaria aos usuários a terem de realizar uma nova ligação, considerando que o custo de R$ 0,25 é por chamada, e não por minuto. Tal acusação é negada pela empresa. Aparentemente, seu telefonema não era “infinito” como Você pensava, tampouco a paciência da agência reguladora!!!

Para quem é noveleiro, o assunto, certamente, vai tomar conta dos bate-papos com colegas de trabalho. E pra quem é cliente no plano mencionado, a indignação é que vai tomar contar, porque Você ficará pensando no dinheirinho a mais que teve que gastar, colocando mais créditos, porque os mesmos acabavam rapidamente, sem entender como, já que Você só ligava para clientes Tim. Só falta saber se tal prática seria cometida também pelas concorrentes. Mas, enquanto isso...

... Fica a dúvida se realmente os acusados – José Dirceu, José Genoíno, Marcos Valério, Delúbio Soares, entre outros tantos políticos – vão ser ou não condenados, uma vez que a estratégia adotada por seus advogados seria a de dizer que o esquema nunca existiu e que se trataria de uma espécie de farsa. É aquela velha tentativa de dizer que “filho feio não tem pai”, especialmente, porque o caso teria acontecido entre 2005 e 2006 – no governo Lula –, e só apenas seis anos depois que está sendo julgado. Falta saber se a falta de interesse da população seria o reflexo de uma falta de esperança e de confiança na Justiça, já que certas questões acabam dando em “pizza”, “cachorro-quente” e o lanche que Você quiser que seja. Vale lembrar que, em nenhum momento, se afirmou que tais réus são culpados ou inocentes, e sim que alguém – caso seja comprovado – deveria ser responsabilizado e/ou servir de bode expiatório – é preferível dizer: de exemplo.

Apenas para ficar claro: em nenhum momento se falou em deixar acompanhar novelas, esportes e os assuntos cotidianos. E sim, que é preciso colocar em discussão mais uma pauta, que deveria ser de interesse público: o Mensalão.

“Distracionismo” não é exatamente um erro de português, porém um sufixo (ismo) adicionado à “distração”, que dá a ideia de mania e/ou doença, já de costume do povo do gigante sul-americano. A imagem do ser com olhos por todo o corpo seria a de Argos, monstro mitológico de cem olhos, que foi encarregado por Hera – esposa de Zeus – de vigiar Io, uma princesa que ela teria transformado em novilho, por ciúmes do marido. Este, para libertá-la, adormeceu o gigante e depois lhe cortou a cabeça. E onde está a sua neste momento???

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