Domingo, 30 de abril de 2017 Informação atualizada em 30/04/2017, às 02h02 Efeitos Imagem: Vladimir Platonow / Agência Brasil / Rep...
Domingo, 30 de abril de 2017
Informação atualizada em 30/04/2017, às 02h02
Informação atualizada em 30/04/2017, às 02h02
Efeitos
Imagem: Vladimir Platonow / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
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Noite de horror no RJ |
O movimento pode não ter logrado o objetivo desejado, mas essa terceira edição teve elementos diferenciais em relação às duas anteriores de março passado. O primeiro deles foi não misturar as pautas contra o governo e defender o petismo. O segundo foi a articulação em bloquear vias, o que refletiu diretamente em ruas vazias, baixo número de ônibus circulando em algumas linhas ou empresas e escolas sem aula, por exemplo. No Rio de Janeiro, mesmo sob o toró que caiu ao longo do dia, os manifestantes foram às ruas com faixas e cartazes, impediram o tráfego e provocaram engarrafamento em algumas vias, tais como: a Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias; o acesso à Ponte Rio-Niterói, na pista sentido Rio de Janeiro; entre outros pontos. Isso refletiu diretamente em atrasos para o trabalho, por exemplo.
Já em São Paulo, os ônibus não funcionaram, enquanto que o metrô e os trens operaram parcialmente, apesar de liminares proibindo a suspensão dos serviços por conta da ‘greve geral’. O governo estadual conseguiu liminar contra sindicatos dos metroviários e ferroviários da capital e de alguns municípios. A multa por descumprimento é de R$ 937 mil para cada entidade. Já a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, obteve liminar da 9ª Vara do Trabalho de São Paulo, determinado o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo a manter frota mínima de 80% de ônibus municipais nas linhas que passem perto de hospitais e 60% nos horários de pico. A multa por descumprimento é de R$ 500 mil por hora.
O prefeito de São Paulo, João Dória Jr., disse que cortaria o ponto dos grevistas. Ele fez uma parceria com os aplicativos Uber e 99Táxi para transportar os servidores no deslocamento casa-trabalho-casa, e foi elogiado nas redes sociais pela iniciativa. Ele se referiu aos manifestantes como ‘vagabundos’ e ‘preguiçosos’.
Por incrível que seja, o João Dória crítico às manifestações da última sexta-feira (28) é o mesmo que, ideologicamente, se mostrou, supostamente, favorável à ‘greve geral’ de 2013 e aos protestos contra o governo Dilma Rousseff, em 2015. “Não é elite, não é burguesia, é o povo brasileiro”, expressou o mandatário paulista há dois anos, ao também declarar que ‘desqualificar as manifestações é negar a democracia’.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou nota, lembrando que a greve é um direito previsto na Constituição Federal e considerou como ‘justo e adequado’ o movimento de resistência contra as reformas de Temer e disse que estas enfraquecem os direitos trabalhistas conquistados.
O MPT também pretende apurar a informação de que seis funcionários da Subprefeitura de Pinheiros, em São Paulo, supostamente, foram obrigados pelo subprefeito Paulo Mathias a dormir no local de trabalho, na véspera da ‘greve geral’, para que não faltassem ao expediente no dia seguinte. Ele poderá ser processado por abuso de poder e a prefeitura poderá ser alvo de uma ação civil pública.
“Não é possível que em pleno século 21, uma administração pública obrigar seus funcionários a dormirem no local de trabalho, afastando-os do convívio familiar”, opinou o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury.
Em nota, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) disse que o direito à livre expressão foi garantido, ‘mesmo nas menores aglomerações’.
“Infelizmente, pequenos grupos bloquearam rodovias e avenidas para impedir o direito de ir e vir do cidadão, que acabou impossibilitado de chegar ao seu local de trabalho ou de transitar livremente. Fatos isolados de violência também foram registrados, como os lamentáveis e graves incidentes ocorridos no Rio de Janeiro”, comentou o peemedebista num trecho do comunicado.
No Ceará, por exemplo, cerca de 400 mil pessoas aderiram ao movimento, sendo 100 mil somente na capital Fortaleza, na Praça da Bandeira, segundo os organizadores. Pela manhã, o Aeroporto Internacional Pinto Martins e os portos de Pecém e Mucuripe tiveram suas atividades interrompidas.
Vandalismo e confrontos
Imagem: Thomaz Silva / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
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Em vez de buscar apoio da sociedade, opta-se pela repulsa |
Em Goiás, por exemplo, é grave o estado de saúde do estudante de Ciências Sociais Matheus Ferreira da Silva, de 33 anos. Ele foi agredido por um policial com um cassetete durante as manifestações. O cassetete se partiu no momento da agressão. O universitário sofreu traumatismo cranioencefálico e múltiplas faturas. Ele foi socorrido por outros manifestantes até a chegada do socorro médico.
A ‘greve geral’ de anteontem (28) também tem gerado comparações entre a cobertura da imprensa nacional e a estrangeira. No primeiro caso, alguns veículos, supostamente, tendenciosos e que se comportaram como assessoria de imprensa do governo; no segundo caso, os efeitos do movimento são destaques.
“Apoio da imprensa comercial não faltou ao governo Temer. Primeiro para esconder a greve geral desta sexta-feira 28 de abril. Depois para desconstruir o que organizadores e analistas classificaram como o maior movimento do gênero desde a ditadura. Integrantes do governo se ocuparam de câmeras e microfones na tentativa de desqualificar. Um deles, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, chegou a dizer: ‘Se tivéssemos aquelas multidões que tivemos quando mobilizamos em busca do impeachment, teria repercussão’”, criticou a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Para a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a ‘greve geral’ serviu de ‘alerta’ para que o governo construa reformas junto com a sociedade.
Para os organizadores dos protestos, o evento contou com a participação de 35 milhões a 40 milhões de pessoas em todo o país.
A ‘greve geral’ da última sexta-feira (28) aconteceu às vésperas da celebração do Dia Internacional do Trabalhador, na próxima segunda-feira (1/5), e há 100 anos da primeira greve geral de 1917.
Alguns dos principais pontos das duas reformas
Imagem: José Cruz / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
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Ato também em Brasília, em frente ao Congresso |
Numa jornada de oito horas, o intervalo de descanso e/ou almoço é de uma hora e no máximo duas horas. Com a reforma trabalhista, patrão e empregado poderão negociar que seja de, no mínimo, 30 minutos.
Pela reforma da Previdência, a idade mínima para aposentar-se poderá ser de 65 anos e o aposentado receberá 76% do valor do benefício ao qual terá direito. Para lograr 100% da cifra, o trabalhador terá de atuar por mais 14 anos após a idade mínima. Não se discute a necessidade de reformas, tendo em vista o aumento da expectativa de vida do brasileiro, mas como tudo está sendo imposto para cobrir um suposto déficit na Previdência sem uma efetiva auditoria, considerando que auditores fiscais da Receita Federal alegam que o mesmo seria uma falácia criada a partir de uma manobra contábil.
Pela mesma reforma, o trabalhador terá de contribuir com a Previdência Social por 25 anos em vez dos atuais 15 anos. A medida parece um contrassenso, se levado em conta que depois dos 40 anos a dificuldade para se inserir no mercado de trabalho é maior.
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