Quarta-feira, 15 de abril de 2015 Referendo Imagem: Presidência do México / Copiada da Wikipédia / Creative Commons / Reprodução ...
Quarta-feira, 15 de abril de 2015
Referendo
Imagem: Presidência do México / Copiada da
Wikipédia / Creative Commons / Reprodução
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Enrique Peña Nieto |
Essas personalidades públicas afirmam que a gestão de EPN teria se caracterizado pela 'corrupção', 'divisão política' e 'incompetência', segundo a revista local 'Proceso'.
“(…) O México não pode continuar nessa rota de deterioração institucional, corrupção política e regressão autoritária. O país vive a mais aguda crise econômica, política e social de sua história recente. O presidente Enrique Peña Nieto não pode e nem deve seguir no cargo; chegou o momento em que deve se separar como titular do Executivo federal para dar viabilidade à República e voltar a conciliar a nação. É hora de ir (…)”, expressou o senador Javier Corral.
Falta saber se o Instituto Nacional Eleitoral (INE) – a Justiça Eleitoral – aceitaria incluir nas cédulas de votação mais essa consulta.
Escândalos
O mandato de Peña Nieto só termina em novembro de 2018. Nem chegou à metade, mas já é meniconado em escândalos. Um deles é a compra da tal 'casa branca' em Lomas de Chapultepec, avaliada em US$ 7 milhões, em nome da primeira-dama, a atriz Angélica Rivera. Parte do imóvel teria sido um presente do canal de TV Televisa, logo após seu casamento com EPN, em 2010. A outra parte, que estaria sendo paga, adquirida do grupo Higa, uma empreiteira que nos últimos anos obteve inúmeros contratos, quando Enrique Peña Nieto era governador do estado do México, e que se seguiu após chegar a Los Pinos, a presidência, o que demonstraria um suposto conflito de interesses, de acordo com o portal 'Aristegui Noticias', em novembro passado. Dias antes de o caso vir a público, o governo tinha anulado o processo de licitação para a construção do trem-bala México-Querétaro, cujo ganhador era o mesmo grupo empresarial.
Reportagem do 'Wall Street Journal' (WSJ), de janeiro último, revelou que, em 2005, semanas após ter assumido o cargo de governador do estado de México, Peña Nieto comprou uma casa em um clube de golfe, em Ixtapan de la Sal, de um empresário, que posteriormente se beneficiou com contratos de US$ 100 milhões em obras públicas durante sua gestão. No entanto, o porta-voz da presidência, Eduardo Sánchez, negou haver qualquer relação entre essas duas coisas.
Pelo menos dois secretários do presidente EPN já foram citados, recentemente, pela imprensa local, sobre o suposto favorecimento em transações imobiliárias semelhantes: o de Fazenda, Luis Videgaray, e o de Governo, Miguel Ángel Osorio Chong.
Todavia, a administração de Enrique Peña Nieto começou a ser abalada com o desaparecimento/sequestro seguido de suposto assassinato dos 43 estudantes normalistas, em agosto do ano passado. O ônibus no qual estavam os universitários foi alvejado por um cartel de drogas, tendo como suposto mandante o então prefeito de Iguala, Jose Luis Abarca. Uma das linhas de investigação, que não deu em nada, averiguava a possível participação de militares no incidente. Aumentou-se a descrença no governo e no sistema judicial.
“(…) Pouco mais de dois anos, a atual administração federal tem sido desastrosa para o país. Vivemos um vendaval de regressões autoritárias que não foram imaginadas no pior dos cenários ante o regresso do PRI (Partido Revolucionário Institucional) (…)”, continuou Corral.
“(…) Vive-se um clima de repressão no país que se materializou em prisões, assassinatos, perseguições, assédios e campanhas de linchamento nos meios de comunicação contra quem levanta a voz para defender seus direitos (…)”, complementou o parlamentar, em referência à demissão da jornalista Carmen Aristegui, da Rádio MVS, quem denunciou sobre a tal 'casa branca' em nome da primeira-dama.
Populismo latino-americano
O pedido de renúncia a Peña Nieto soma-se à onda de descontentamento com seus homólogos latino-americanos, por exemplo: Dilma Rousseff, do Brasil; Cristina Kirchner, da Argentina; e Nicolás Maduro, da Venezuela.
A chegada de Peña Nieto a Los Pinos, Partido Revolucionário Institucional (PRI), parecia ser uma vitória contra a onda de populismo com viés esquerdista em ascensão na América Latina, se não fosse por um simples detalhe: ele ganhou perdendo. Note-se que o PRI integra a organização Internacional Socialista. Antes mesmo de tomar posse, EPN teve que lidar com inúmeros protestos organizados pelo autointitulado movimento 'Yo Soy 132', constituído por cidadãos dos 32 estados mexicanos com um objetivo comum. Formado por maioria estudantes, o movimento não reconhecia o êxito de EPN nas urnas e estava ao lado do candidato derrotado Andres Manuel López Obrador. Este, ao final de todo esse processo, deixou o Partido da Revolução Democrática (PRD) – um dos integrantes do prejudicial Foro de São Paulo – para criar o próprio partido de esquerda, o Movimento Regeneração Nacional (Morena), o que teria provocado uma divisão à própria esquerda. Apesar do engajamento nacional e da organização, não se pode dizer que o 'Yo Soy 132' tenha sido início de uma 'primavera' latina.
No Brasil, Rousseff tem sido alvo de protestos nos últimos meses em vários estados. Os manifestantes instam sua renúncia ou impeachment, por causa da suposta roubalheira na Petrobras e por supor que ela sabia o que acontecia na estatal, conforme matéria da revista 'Veja'. Alguns manifestantes parecem ter perdido o senso de realidade e de lógica quando pedem o retorno dos militares ao poder. Parecem ter deletado de suas mentes e/ou fugido das aulas de História, ao ignorar os 21 anos de ditadura que o país viveu.
Uma das diferenças a respeito do pedido de renúncia de Dilma Rousseff e de Enrique Peña Nieto é que ela acabou de vencer uma reeleição, o que torna a coisa mais difícil, enquanto que o líder asteca está quase na metade de seu primeiro mandato. Não foi provado até o presente momento de que a governante brasileira realmente soubesse das falcatruas na Petrobras, embora a sua responsabilidade possa ir além disso. Por exemplo, no aval de compra de uma refinaria em Pasadena, no Texas, nos Estados Unidos, por mais de US$ 1 bilhão, quando só valia US$ 42 milhões, entre 2006 e 2010, quando era presidente do conselho de administração da estatal.
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