Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014 IES em Taubaté quer acolher alunos de Medicina da Gama Filho Protesto Imagem: OPINÓLOGO / Diego F...
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
IES em Taubaté quer acolher alunos de Medicina da Gama Filho
IES em Taubaté quer acolher alunos de Medicina da Gama Filho
Protesto
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
São muitas interrogações |
Estudantes da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), no Rio de Janeiro, promoveram mais uma manifestação (fotos 1, 2 e 3), nessa terça-feira (21/1), no Centro, contra o descredenciamento das duas instituições de ensino superior (IES).
O evento estava agendado para as 17h30 com ponto de concentração na Candelária. Bem antes disso, já tinha gente na rua esperando com carro de som e faixas. Somente às 18h53, que os manifestantes saíram do lugar. Ocuparam a pista lateral direita da Avenida Presidente Vargas, sentido zona norte. Às 20h06, já na altura da Central, passaram para a pista do meio, também sentido zona norte. Um fato interessante ocorreu às 20h36, quando moradores de um prédio da Avenida Presidente Vargas esquina com Rua de Sant'Ana começaram a acender e a apagar rapidamente as luzes, alguns deles a acenar para o povo na rua, em apoio ao protesto. Este se arrastou até a Prefeitura do Rio e terminou lá, às 21h36, com o Hino Nacional.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
O mesmo mantra: 'não ao descredenciamento' |
Os discentes querem a federalização da UniverCidade e da Gama Filho ou que o MEC anule o descredenciamento publicado no Diário Oficial da União (DOU), do último dia 14, cancele a mantença por parte do grupo Galileo Educacional e que um interventor possa administrar as IES. Durante o ato cantarolaram e gritaram palavras de ordem, inclusive dizendo que a presidenta Dilma Rousseff deveria se lembrar deles, porque 2014 é ano eleitoral.
Os manifestantes também falaram em criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para continuar abordando a crise na educação superior, claro, incluindo a UGF e a UniverCidade. Na verdade, estão loucos!!! Primeiro: CPI não tem poder de polícia. Alguém já viu alguma CPI resultar em alguma coisa??? Observa-se por, exemplo, que dois acionistas do grupo Galileo Educacional, Márcio André Mendes Costa e Adenor Gonçalves dos Santos, sequer compareceram às convocações; segundo: porque já foi feita uma CPI na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que durou de agosto de 2012 a março de 2013. Um relatório de 65 páginas – que este jornalista leu e releu – chegou a ser distribuído para diversos órgãos (MEC, ministérios do Trabalho, Público Estadual e Federal, Polícia Federal, Congresso etc.), e até agora nada...; terceiro: criar CPI em ano de eleição parece estratégia eleitoreira. O assunto seria dissecado muito lentamente, para que não ficasse no esquecimento. Outra coisa: a Copa vem aí e nem todos da atual bancada continuarão no cargo em 2015. Serão novas pautas e novas discussões; e pra finalizar: quarto: está na hora de a Polícia Federal começar a agir e o Ministério Público (MP) também!!! Até agora não se sabe se o MP Federal pretende atender o pedido da comunidade acadêmica e tentar solicitar uma intervenção na UniverCidade e na Gama Filho.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
A rua é a extensão da sala de aula |
Na ocasião tinha até professores recebendo ainda trabalhos dos discentes (foto 3). O que demonstra que continuam sendo responsáveis e éticos com seus pupilos, mesmo quando estão desde setembro sem ver a cor do dinheiro e quando não têm mais emprego. Alguns dos alunos eram convidados a participar do manifesto, mas diziam não poder, que tinham outros afazeres. Uma resposta inusitada, conformista, no mínimo, era de que estava tranquilo, porque seria bolsista e o Ministério da Educação (MEC) o realocaria para outra IES. Nota-se que seu único compromisso era o de obter um certificado, um diploma de nível superior, não tinha qualquer vínculo afetivo com sua instituição ou seus colegas, por exemplo.
Se tivessem 300 pessoas eram muito. O número foi menor do que o do protesto da quinta-feira passada (16), cuja estimativa era de até 500. À medida que anoitecia, os manifestantes iam se dispersando e indo embora. No mais, foi pacífico.
Um detalhe à parte: talvez seja mais fácil ir para o Céu ou falar com a presidenta Dilma Rousseff – reivindicação dos manifestantes – do que conseguir subir no carro de som para fazer umas fotos para este site.
O ato de hoje parecia ter um novo gosto, um sentido de heroísmo, pelo fato de um grupo de 20 alunos da Gama Filho ter sido detido à força pela Polícia do Senado, na noite da última segunda-feira (20), no gramado do Congresso, bem perto do Palácio do Planalto. A justificativa era de que não se poderia acampar ali, conforme legislação local. Após prestarem depoimento, foram liberados sem ser fichados por volta das 3h da manhã. Sabe-se que, mesmo à distância, o grupo Habeas Corpus, da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), além do deputado estadual Robson Leite (PT-RJ), estava acompanhando e dando suporte. Os discentes exigiam uma audiência com a mandatária brasileira, após terem protocolado um ofício há mais de uma semana e até então não terem recebido resposta. O parlamentar petista é relator da CPI da Alerj para investigar supostas irregularidades em IES privadas fluminenses.
“(...) Já estou sabendo sobre o que está acontecendo em Brasília com os alunos da Gama Filho e UniverCidade. Alunos que foram lutar pelos seus direitos, estão sendo covardemente agredidos e detidos por policiais. Isso é um absurdo! Tomarei todas as medidas cabíveis para que os estudantes que foram detidos sejam liberados o mais rápido possível (...)”, declarou Robson Leite.
Além do relator da supracitada CPI compareceu a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Ambos discursaram no carro de som.
OAB propõe conceder aumentar prazo para retirada da carteira para estudantes de Direito
Os manifestantes divulgaram durante a passeata, que a OAB analisa a possibilidade de estender por mais um ano o prazo para que os alunos de Direito da UniverCidade e da Gama Filho possam pegar a carteira da Ordem. Mais informações serão repassadas em outras notícias.
Já em Brasília...
… O Ministério da Educação publicou uma portaria no Diário Oficial da União (DOU), dessa terça-feira (21), informando que: 'o edital [previsão de que seja publicado na quinta-feira, 23] poderá prever a participação de IES privada em conjunto, na forma de consórcio, quando for exigida que a proposta mínima seja para um conjunto de cursos'; no caso da IES vencedora, na Política de Transferência Assistida (PTA), poderá ser permitida a alteração na quantidade de vagas por cursos, independente dos limites estabelecidos pela legislação. Outra novidade é que alunos com bolsas das próprias instituições descredenciadas poderão aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni), desde que atendam os requisitos socioeconômicos.
A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) – vinculada ao MEC – se reuniu com representantes de 52 IES concorrentes, nessa terça-feira (21), para debater a PTA para os alunos da Gama Filho e do centro universitário. De antemão, informou alguns pré-requisitos para que as mesmas possam concorrentes. Pelo menos esses aspectos se mostraram semelhantes aos exigidos para a transferência assistida da Faculdade Alvorada, no Distrito Federal, descredenciada no ano passado. Os critérios iniciais são:
* Apresentar ato autorizativo válido;
* Comprovar conceito satisfatório;
* Não estar sob supervisão;
* Demonstrar capacidade de autofinanciamento;
* Firmar declaração de não cobrança de taxas de adesão, pré-mensalidade ou qualquer outra taxa de transferência ao novo aluno;
* Garantir a recepção dos estudantes contemplados por programas federais de acesso à educação superior, em especial o Prouni e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
IES em SP quer acolher estudantes de Medicina da Gama Filho
A Universidade de Taubaté (Unitau), no município paulista de mesmo nome, encaminhou um ofício ao MEC, na última sexta-feira (17), solicitando ampliar o número de vagas do curso de Medicina, para que pudesse acolher os discentes de Medicina da UGF. Segue parte da nota:
“... No documento, é destacado para o MEC que as novas vagas atenderiam exclusivamente estudantes transferidos da Gama Filho. Foram sugeridas 40 novas vagas para alunos de 2º ano, 20 para estudantes de 3º ano, 10 para universitários de 4º ano, 5 para alunos de 5º ano e 5 para estudantes de 6º ano, totalizando 80 vagas.
A Unitau esclarece no ofício que tem recebido diversas consultas de alunos da Gama Filho interessados em transferir o curso para a Instituição.
A Universidade ressalta também que Taubaté passa por uma gradativa ampliação da capacidade hospitalar instalada, com a integração do Hospital Universitário de Taubaté (HUT) com o Hospital Regional do Vale do Paraíba (HR). Essa ampliação reforçará a estrutura de suporte para o ensino de Medicina, com a expectativa de aumento de vagas de residência médica, por exemplo, e de leitos hospitalares – o número de leitos disponíveis em uma região é um dos quesitos avaliados pelo Ministério da Educação para a abertura de novos cursos.
Atualmente, a Unitau oferece, anualmente, 80 vagas para o curso. A Comissão de Residência Médica (Coreme) da Instituição coordena as residências no HUT e no HR. O primeiro abriga, hoje, 60 alunos residentes. O segundo, 20”.
Imagem: Divulgação
Os gringos já chegam aprendendo uma curiosidade sobre o Brasil: a crise na educação |
OPINÓLOGO entrou em contato com a Unitau para questionar sobre o fato de a IES estar em São Paulo, enquanto a Gama Filho, no Rio de Janeiro, e que possivelmente uma das exigências do MEC seria de que as concorrentes deveriam estar em localidades próximas à das descredenciadas. “Embora a Universidade de Taubaté esteja localizada no interior de São Paulo, a decisão de realizar o pedido das vagas acontece pelo entendimento de que há a possibilidade de que as universidades próximas não possam suprir essa demanda. O curso de Medicina possui exigências específicas e requer ampla estrutura. Acreditamos que o MEC não autorizará a transferência para instituição que não estiverem completamente aptas a receber nos alunos. O nosso curso tem nota 4 no Enade [Exame Nacional de Desempenho de Estudantes] e possuímos uma ampla rede de saúde na região. Acreditamos que alunos podem se interessar pelas oportunidades que o Vale do Paraíba e a Unitau oferecem”, justificou.
Ato no aeroporto
Discentes das UniverCidade e da Gama Filho fizeram mais um ato silencioso e pacífico (foto 4) no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no último domingo (20), para protestar sobre o drama que têm vivido há mais de dois anos. Eles já tinham feito o mesmo no dia 12 deste mês.
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