Domingo, 05 de novembro de 2017 Imagem: Joelfotos - Pixabay / Reprodução / Creative Commons Imagem ilustrativa: a grana poderia p...
Domingo, 05 de novembro de 2017
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Imagem ilustrativa: a grana poderia pagar dívidas contraídas por ex-funcionários junto a bancos, cartões de crédito e impostos |
Uma série de leilões de bens dos descredenciados Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) e da Universidade Gama Filho (UGF), ambos no Rio de Janeiro, poderá pagar mais de R$ 3,6 milhões em dívidas trabalhistas nos próximos dias. Os valores são por baixo e não incluem alguns credores, entre eles o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio). Além desta entidade, há, no mínimo 21 ex-funcionários, que poderão receber seus direitos. As decisões são de diferentes varas trabalhistas, muitas vezes envolvendo o mesmo imóvel. OPINÓLOGO revela em primeira mão os detalhes em sua edição de aniversário de 8 anos.
Imóveis em Ipanema
Rua Almirante Sadock de Sá, 246
Entre os patrimônios que estão à venda por decisão judicial vale destacar o situado na Rua Almirante Sadock de Sá, nº 246, em Ipanema, na Zona Sul, pertencente à Associação Educacional São Paulo Apóstolo (Assespa), antiga mantenedora da UniverCidade. Conhecido pela comunidade acadêmica como o prédio C, este tem cinco andares, está avaliado em R$ 14 milhões e hipotecado ao Banco Bradesco. O imóvel já passou por leilões nos dias 17, 20 e 27 de outubro para quitar três dívidas trabalhistas, mas não houve interessados. Na primeira data, a venda serviria para pagar a dois ex-funcionários. Uma nova rodada está agenda para a próxima terça-feira (7/11), às 15h e 15h30, para a execução de diferentes débitos.
Em agosto, um leilão para quitar uma dívida de R$ 22,1 mil foi sustado.
Rua Almirante Sadock de Sá, 245
Na mesma vizinha está a casa de número 245, também pertencente à UniverCidade, cuja propriedade chegou a ser atribuída, ao menos de boca, à Aliança Batista, entidade, supostamente, ligada ao empresário e pastor Adenor Gonçalves dos Santos, o atual acionista majoritário do falido grupo Galileo Educacional, que adquiriu a UniverCidade e a UGF. O imóvel está avaliado em R$ 3,6 milhões.
Se às 15h próxima terça-feira (7) houver comprador, o Sinpro-Rio poderá receber ao menos R$ 2,5 milhões. A cifra, referente a 2013, diz respeito ao pagamento pelo descumprimento do acordo coletivo de 2003. Na documentação a que OPINÓLOGO teve acesso não constava o valor atualizado e/ou corrigido monetariamente. A título de curiosidade, na relação de credores apresentada à Justiça pelo grupo Galileo Educacional, no ano passado, constava a dívida de apenas R$ 300,9 mil, sem maiores detalhes. Há quatro anos, a Assespa tentou retardar o leilão, ao contestar o valor de mercado da casa.
Se a quantia que o sindicato tem a receber ainda estiver dentro do estimado por OPINÓLOGO, os pagamentos por leilões poderão ultrapassar os R$ 5 milhões.
Se não houver interessado, um segundo leilão está previsto para o próximo dia 21 de novembro, às 15h. O dinheiro obtido com a eventual venda pagaria também uma dívida trabalhista de mais de R$ 500 mil.
Para o mesmo imóvel há leilões agendados também para o dia 7 de novembro, na parte da manhã, e para o ano de 2018.
Imóvel em Madureira
No mês passado, OPINÓLOGO noticiou que haveria um leilão do imóvel onde funcionava o campus Madureira da UniverCidade, na Avenida Edgard Romero, nº 807, em Madureira, na Zona Norte do Rio, no próximo dia 7 de novembro, para quitar um débito laboral. Outros eventos estão agendados para os dias 14 e 21 do mesmo mês. O patrimônio está avaliado em R$ 4,5 milhões e tem uma área total de 9.237 metros quadrados.
Em março de 2016, a Assespa evitou que o mesmo fosse à venda, ao fechar acordo de pagamento parcelado em outro processo trabalhista.
Imóveis em Vargem Grande
O antigo campus da UniverCidade, na Estrada do Rio Morto, em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio, também está à venda. Os leilões estão divididos em três lotes, sendo o Lote 1 avaliado em R$ 400 mil numa área de 668 metros quadrados, segundo perícias judiciais; o Lote 2 estimado em R$ 600 mil, cuja área não foi informada; e o Lote 3 estimado em R$ 180 milhões, cuja área é de 9.475 metros quadrados.
Juntos, os três lotes somam 460.842,00 metros quadrados, conforme autos de processos. Todavia, pode ser muito maior: 504 mil metros quadrados, o equivalente a quatro estádios do Maracanã, estando avaliado em R$ 776,8 milhões, de acordo com a massa falida do grupo Galileo Educacional ao apresentar um plano de recuperação judicial em 2015. O plano mirabolante dos atuais gestores era vender parte do terreno para quitar o passivo adquirido durante a troca de mantença e construir uma espécie de cidade universitária.
Os leilões estão previstos para ocorrer entre novembro de 2017 e janeiro de 2018.
Imóvel em Quintino
O imóvel situado na Rua Nerval Gouvêia, nº 157, no bairro de Quintino, Zona Norte do Rio, pertencente à Gama Filho, poderá servir para quitar uma dívida de R$ 146,5 mil em leilões programados para às 11h30 dos dias 28 de novembro e 5 de dezembro próximos. Esse patrimônio está avaliado em R$ 700 mil.
Outras informações
Os valores dos imóveis podem sofrer alterações, pois variam de perícias e de análises de corretores, como também questões urbanas que podem valorizá-los ou desvalorizá-los, ademais do estado de conservação. Os leilões serão realizados por diferentes leiloeiros: Nacif, Paulo Botelho e Fabiano Ayupp. Podem haver casos de que um mesmo bem esteja à disposição de mais de um leiloeiro, mas em distintos horários e/ou datas.
Se num primeiro leilão de cada execução de débito não houver interessado, o valor de lance cai pela metade no segundo, independente do imóvel ou do bairro.
Existem casos de que alguns dos credores dos futuros leilões também tenham manifestado interesse de estar na lista do grupo Galileo Educacional entregue à Justiça no processo de recuperação judicial. Os valores citados por esta mantenedora estão muito abaixo do que eles poderão receber pela penhora. Numa ação de 2014, por exemplo, o valor da execução por leilão é de R$ 45,5 mil, enquanto que pela recuperação judicial, R$ 14,7 mil; noutro processo analisado por OPINÓLOGO, de 2013, o valor de execução é de R$ 526,7 mil, enquanto que na recuperação judicial, R$ 213,4 mil; já numa ação de 2014, a dívida a ser executada em leilão é de R$ 100,1 mil, enquanto que na recuperação judicial apenas R$ 15,2 mil.
Por tratar-se de cifras bastante elevadas em determinadas ações, este site optou por não divulgar o nome dos possíveis credores.
Vale frisar que o grupo Galileo Educacional briga na Justiça pelo direito de posse de todos os bens das duas instituições de ensino superior (IES).
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