Segunda-feira, 21 de novembro de 2016 Garotinho poderá ficar em prisão domiciliar até o plenário do TSE se pronunciar Imagem: Vladi...
Segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Garotinho poderá ficar em prisão domiciliar até o plenário do TSE se pronunciar
Imagem: Vladimir Platonow / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
Já é uma das imagens mais populares no Brasil |
Garotinho teve um ataque cardíaco, depois de ter sido preso durante mais uma etapa da operação Chequinho, na última quarta-feira (16/11), em seu apartamento no bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio. Ele foi levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e ficou na unidade coronariana. Já nessa sexta-feira (18/11), ele foi removido para o Hospital Penitenciário de Bangu, no complexo penitenciário que fica nesse bairro da Zona Oeste, por determinação da 100ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, Glaucenir Silva de Oliveira. O magistrado alegou que ele estaria desfrutando de supostas regalias. Na ocasião, ele esperneou numa maca (foto), numa tentativa inútil de resistência. Provavelmente, essa já é uma das imagens mais populares do ano aqui no Brasil.
Para a ministra Luciana Lóssio, o juiz Glaucenir de Oliveira não poderia ter autorizado a transferência de Anthony Garotinho para o hospital penitenciário, com base em relatos da imprensa, e que não cabe ao Judiciário fazer avaliações médicas.
Não cabe aqui julgá-lo culpado ou inocente, até porque esse papel é da Justiça. Mas, ganhar o direito à prisão domiciliar só reforça o descontentamento do cidadão reles e mortal com a política e a Justiça, e reafirma que no Brasil ser político compensa. Fica a pergunta de quando outro ex-governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), também passará mal e escapar pela tangente do regime fechado. Ele não pode! Garotinho foi mais esperto e agiu primeiro. O peemedebista foi preso na última quinta-feira (17), durante a operação Calicute. Cabral é acusado de, supostamente, cobrar propina de empreiteiras durante seus dois mandatos, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Operação Chequinho
A operação Chequinho também realizou buscas e apreensões no apartamento de Anthony Garotinho, no Rio. Ele é secretário de Governo da prefeitura de Campos, no Norte Fluminense, cuja prefeita é sua esposa Rosinha Garotinho, e é acusado de participar de um suposto esquema de compra de votos, ao conceder indevidamente o programa social Cheque Cidadão, sem a necessidade de os beneficiários passarem pelas burocracias que os demais candidatos, tal como a avaliação obrigatória de assistentes sociais para determinar se eles realmente se encaixam no perfil socioeconômico. De junho deste ano, pouco antes do período eleitoral, até outubro passado, os benefícios aumentaram em mais de 100%, apontaram as investigações.
A operação foi deflagrada no mês passado. Na primeira fase foram cumpridos oito mandados de prisão temporária, nove de buscas e apreensões e uma ordem de condução coercitiva. Entre os investigados estão alguns vereadores e servidores públicos. Prisões temporárias têm prazo de até cinco dias, podendo ser prorrogadas por igual período.
A polícia também investiga duas ameaças de morte, uma feita a um dos promotores de Justiça do caso, a outra a uma das testemunhas que teria contado sobre a suposta participação de Anthony Garotinho no esquema.
Mais uma denúncia
O juiz Glaucenir Silva de Oliveira, quem ordenou sua prisão preventiva, o acusou de oferecer suborno, por meio de terceiros, em troca de decisões favoráveis a ele e a seu filho Wladimir Garotinho e evitar a prisão. As cifras eram de R$ 1,5 milhão e de R$ 5 milhões.
Na noite dessa sexta-feira (18), o procurador regional eleitoral do Rio de Janeiro, Sidney Madruga, pediu à Polícia Federal que instaurasse inquérito ‘urgente’, para investigar a denúncia do magistrado.
“Os fatos serão caráter urgente pelo Ministério Público e Policia Federal, pois a situação retratada pelo Magistrado é extremamente grave”, comentou o procurador eleitoral.
Já a defesa do ex-governador disse que entraria com uma representação contra o juiz Glaucenir de Oliveira por ‘calúnia’ e supostos abusos de autoridade.
Defesa
Em sua defesa, Garotinho disse que sua prisão se trataria de uma espécie de ‘retaliação’, por conta de uma queixa-crime apresentada por ele há algumas semanas contra Sérgio Cabral (PMDB-RJ), junto à Procuradoria-Geral da República (PGR). Já sua esposa Rosinha falou que ele foi preso por ‘alimentar os pobres’.
O passado lembrado
Não é a primeira vez que Anthony Garotinho promoveu uma de suas cenas. Em 2006, durante campanha eleitoral para governador do Rio de Janeiro, chegou a fazer greve de fome, em protesto a reportagens negativas a ele, no que chamou de ‘perseguição política’. Esse é um passado que será sempre lembrado com escárnio.
Em 2014, quando ele era candidato novamente a governador do Rio de Janeiro, a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (PRE-RJ) requereu ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) que o investigasse por suposto abuso de poder econômico. Ele foi acusado de usar indevidamente meios de comunicação e promover showmício – como a Caravana da Paz –, distribuir brindes e realizar propagandas em diversos municípios fluminenses, antes do período eleitoral. Até mesmo durante a época da campanha, isso é proibido pela legislação em vigor. Graças a uma liminar concedida pelo TSE, ele se manteve na disputa. Ao longo de toda a campanha aparecia em primeiro lugar nas pesquisas de intenções de voto, mas terminou em terceiro nas urnas.
Em 2010, Garotinho foi condenado a dois anos e meio de cadeia por supostos crimes de formação de quadrilha e o uso da Polícia Civil para cometer atos de corrupção e de lavagem de dinheiro.
Eleições 2016
Desde o começo da campanha eleitoral, Garotinho era uma pedra no sapato do bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Marcelo Crivella (PRB-RJ), quem disputou e venceu a prefeitura carioca. O ex-governador o apoiou abertamente.
Entretanto, os eleitores de Crivella não deram trela para os rumores de que seria Garotinho a mandar na capital e que ele seria agraciado com o cargo de secretário de Governo da prefeitura do Rio. Contudo, se sua prisão tivesse ocorrido ainda pouco antes do início da campanha, o resultado das urnas teria sido outro, certamente.
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