Sábado, 26 de setembro de 2015 Esqueça a partida entre Vasco e Flamengo neste fim de semana, o Cosme e Damião para pegar doces, o festi...
Sábado, 26 de setembro de 2015
Esqueça a partida entre Vasco e Flamengo neste fim de semana, o Cosme e Damião para pegar doces, o festival de rock, a ida ao cinema ou ao museu ou o que quer que seja. O evento top do momento é a série de arrastões em praias cariocas. Vai ficar de fora dessa??? Vai perder a chance de ter a carteira, o celular e a câmera roubados por delinquentes considerados vítimas da sociedade??? Vai perder a chance de apanhar de algum deles??? A Bíblia ensina que é preciso dar o outro lado da face. Vai ficar de fora das estatísticas da segurança pública fluminense??? Vai ficar sem uma história ruim para contar para seus filhos, netos e amigos para que nunca venham ao Rio de Janeiro???
Para lidar com os arrastões – que, infelizmente, já fazem parte do calendário de eventos da cidade, assim como o réveillon, o carnaval e a inauguração de uma árvore natalina –, a Polícia Militar (PM) disponibilizará 700 agentes dos batalhões de Choque (BPCHq), de Ações com Cães (BAC) e de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE) e do Regimento da Polícia Montada (RPMont).
No final de semana passado, bairros da Zona Sul foram cenários de barbáries cometidas por pivetes. Por conta disso, a operação Verão 2015/2016 foi antecipada, com início previsto para este sábado (26/9).
Por parte da prefeitura, mais 300 agentes da Guarda Municipal e das secretarias municipais de Ordem Pública (Seop) e de Desenvolvimento Social (SMDS) atuarão também entre os postos 6 e 9 das praias da Zona Sul, isto é, Copacabana, Arpoador e Ipanema. O prefeito Eduardo Paes já deixou bem claro que “marginais” não seriam tratados como problema social e que isso não tem nada a ver com a falta de escolas. Ele tem razão!!!
A PM fará revistas em pontos de ônibus e em passageiros para verificar se há menores suspeitos em situações de risco e de vulnerabilidade. Note-se que é preciso eufemizar a coisa, para que consigam realizar o trabalho, quando, na verdade, é o cidadão de bem quem passa por situações de risco e de vulnerabilidade diante de bandidos infanto-juvenis. Quanta inversão de valores!!!
Vale frisar que, no mês passado, a PM foi duramente criticada pela Defensoria Pública por ter apreendido adolescentes que se dirigiam a praias, sem flagrante, e chamado os responsáveis legais para que os levassem de volta para casa. Apelou-se para o típico preconceito de prateleira contra negros, pobres e favelados. Contudo, não se levou em conta o fato de estarem longe de casa e sem o acompanhamento de um adulto. E se alguma dessas “crianças” se perdesse e/ou se afogasse???
Foi preciso que o caos se instaurasse, para que a Justiça fluminense ressaltasse que a PM não está proibida de abordar suspeitos. Até então, a corporação não poderia apreender ninguém sem o devido flagrante graças a uma liminar obtida pela Defensoria Pública.
Foi preciso que o caos se instaurasse, para que a Justiça fluminense ressaltasse que a PM não está proibida de abordar suspeitos. Até então, a corporação não poderia apreender ninguém sem o devido flagrante graças a uma liminar obtida pela Defensoria Pública.
A partir do momento em que cidadãos de bem e pagadores de impostos – cansados e de saco cheio com a ineficiência de autoridades ao amparo de leis ineficazes – passam a enfrentar o banditismo e a revidá-lo, uma guerra civil está em curso, sendo oculta ou não devidamente interpretada. Nos arrastões da semana passada, supostos “justiceiros” agrediram suspeitos e, então, a coisa mudou de figura. Tais adolescentes passaram a ser vistos em situações de risco e de vulnerabilidade. Todo mundo sabe que é errado fazer justiça pelas próprias mãos. Isso só reforça a incompetência do Estado de lidar com o problema que não tem nada de social nem se trata de uma guerra entre ricos e pobres ou de brancos contra “pretos”. É preciso encarar a questão e tratar criminosos pelo que realmente são, independentemente da idade e de classe social, em vez de tratá-los como crianças. Simples assim.
Recentemente reportagem do jornal “O Globo” mostrou que adolescentes embarcavam sem pagar no ônibus da linha 474 (Jacaré – Jardim de Alah), consumiam drogas, ouviam funk alto e assaltavam pedestres durante as paradas. A linha foi apelidada de “quatro-sete-crack” e já é considerada uma das piores, devido ao clima de medo e de violência aos passageiros. Que fique bem claro que não se pode estereotipar o morador da Zona Norte como arruaceiro.
Estamos falando de casos de abandono de “incapaz”. O incapaz aqui é o cidadão de bem, abandonado pelo poder público e que não pode reagir por medo de que esses marginais estejam armados. Todavia, o medo pior é o peso da lei. Porque, infelizmente, a lei e os direitos humanos costumam solidarizar-se com o bandido infanto-juvenil, não com a vítima.
Em janeiro deste 2015, a jornalista Hildegard Angel, moradora de Copacabana, chegou a sugerir a cobrança de uma taxa para que banhistas pudessem utilizar as praias. Também propôs a redução de linhas de ônibus da Zona Norte para a Zona Sul nos fins de semana. Suas ideias foram consideradas de discriminatórias em relação aos moradores da Zona Norte. Pelo menos o segundo quesito está sendo adotado pela prefeitura, mas com a desculpa de racionalizar os ônibus e tentar acabar com os constantes engarrafamentos.
Na última quarta-feira, Hildegard Angel voltou a se manifestar sobre os recentes arrastões. Sugeriu a criação de um projeto social nas praias com competições de “dança do passinho”, “jogos de rolêzinho” e “copa de futebol de praias das comunidades”. Numa visão denotada, jovens de periferia estariam entretidos, enquanto turistas aproveitariam tranquilamente o mar. O que parece uma inclusão social, na verdade, trata-se de uma espécie de “entreguismo”. Não são os moradores e banhistas da Zona Sul quem tem que se adaptar a adolescentes de áreas pobres da cidade. São eles quem precisam se adaptar e respeitar as regras de civilidade do local onde estão.
Em agosto de 2016, a “Cidade Maravilhosa” realizará os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Talvez possa-se dizer que os arrastões sejam “eventos-testes” para a recepção de turistas, que poderão sair do Rio com uma imagem negativa. A atuação das forças de segurança e do judiciário definirão como o município quer ser visto.
É possível aproveitar a orla carioca, sem atos de vandalismo, de segunda a sexta-feira, quando está mais vazia. Isso até o início das férias escolares e a chegada do verão. Porque depois disso, pivetes não têm mais dias certos para “trabalhar”.
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