Segunda-feira, 28 de novembro de 2016 ‘Satanás aproveitou a Black Friday e levou Fidel Castro com 90% de desconto’. Esse foi um dos ‘me...
Segunda-feira, 28 de novembro de 2016
‘Satanás aproveitou a Black Friday e levou Fidel Castro com 90% de desconto’. Esse foi um dos ‘memes’ mais populares nas redes sociais sobre o falecimento do ditador cubano, quem faleceu aos 90 anos, na noite da última sexta-feira (25/11). O comunicado foi feito em cadeia nacional de televisão pelo presidente Raúl Castro, seu irmão, mas a causa da morte não foi divulgada. Sabe-se que ele tinha problemas gastrointestinais, o que o levou a deixar o governo em 2006.
O funeral e as homenagens começaram nesta segunda-feira (28). A pedido do próprio Fidel, o corpo será cremado.
As ‘viúvas’ de Fidel
Imagem: MATS Terminal Washington /
Copiada da Wikipédia / Reprodução / Creative Commons
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Fidel Castro em 1959 |
“Agora sim, com a morte de Fidel, os cubanos poderão beber uma Cuba Libre”, ironizou outro internauta, em alusão à bebida homônima.
“Se o diabo deixar Fidel Castro administrar o inferno, em 2 meses não sobra nem o pão que ele costuma amassar”, disse outro usuário de redes sociais.
A mesma internet que dá espaço para as celebrações, também dá espaço para as ‘viúvas’ de Fidel se lamentarem. Elas são formadas por seguidores ideológicos mundo afora, quase que uma religião, que o idolatram, dizendo que ele deu saúde e educação ao povo. É consenso que as pessoas estudam mais e trabalham mais para terem melhores condições de vida. De que adianta ter ‘educação’, se em Cuba ninguém pode ter uma vida financeira melhor??? Tudo é controlado pelo governo, da pasta de dente ao acesso aos serviços públicos. O salário mínimo é de aproximadamente 35 dólares. Usar a internet numa ‘lan house’ custa em torno de cinco dólares. Ou o cidadão come ou usa a rede mundial de computadores. Fazer os dois num mesmo mês fica difícil!!! O futuro de estudar Medicina, por exemplo, ou é trabalhar nos hospitais cubanos ou no exterior em programas como o Mais Médicos e com salários de miséria (para uma nação capitalista), já que o governo retém a maior parte. O médico não tem uma carreira. É apenas uma mão de obra barata, terceirizada, num país que descobriu o comunismo de mercado – ou o capitalismo de Estado – como forma de sobrevivência e de colocar-se em evidência.
Essas ‘viúvas’ apenas choram a morte de um ídolo, da materialização de sua utopia e de seus desejos nefastos. Nunca estiveram ao lado do povo cubano. Apenas sentem ‘saudade’ do que nunca tiveram. A forma que encontraram para acabar com a pobreza é fazer com que todos sejam pobres.
Vários canais de televisão que cobrem a morte do ditador centro-americano têm mostrado como a notícia está sendo recebida pela população. Todos se mostram bem tristes. Quem teria coragem de comemorar para depois sofrer perseguição do Estado??? Muitos dos cubanos que choram, talvez não chorem por sua morte, mas pelo temor ao desconhecido, por não conhecer outra Cuba senão a sequestrada pelo comunismo, pela falta de liberdade de expressão e de imprensa, pela Cuba pacata que se perdeu no tempo, que ficou parada nele ou andou para trás.
Não está em questão aqui brindar a sua morte ou lamentá-la, mas deixar que a História o julgue com base em fatos, não em convicções.
Não está em questão aqui brindar a sua morte ou lamentá-la, mas deixar que a História o julgue com base em fatos, não em convicções.
Cuba Libre
A morte de Fidel Castro não significa liberdade para os cubanos. Pelo contrário, a coisa pode ficar muito pior, porque o culto à sua ‘divindade’ poderá ser usado para garantir a sobrevivência do regime e de seus herdeiros, assim como acontece na Venezuela pós Hugo Chávez. A diferença é que Cuba não está numa crise. É...
Ainda não é o fim de uma era, porque seu nefasto legado político, social e econômico não pode mudar a História. Os cubanos sentem a consequência disso por mais de meio século, tanto os que fugiram do país quanto os que não tiveram a mesma sorte. Cuba pode ter se livrado de Fidel, mas não do que ele representa.
A morte, de modo geral, pode ser muito mais benéfica do que se imagina. Ela tem o poder de transformar demônios em anjos e carrascos em santos. Fidel Castro perseguiu gays e os colocou em trabalhos forçados, seu regime praticou mais de cinco mil execuções por fuzilamentos, mais de mil assassinatos extrajudiciais e tentou sufocar de todas as formas as Damas de Branco, movimento que busca o paradeiro de parentes desaparecidos. Acima de tudo, o que ele fez, na verdade, foi derrubar uma ditadura de direita – apoiada pelos Estados Unidos – para instalar outra de esquerda. Nada mais.
Quando a dissidente cubana Yoaní Sanchez esteve no Brasil, em 2013, foi recebida com protestos por movimentos sociais de esquerda, todos simpatizantes da ditadura cubana. O que esses brasileiros fizeram, de fato, foi mostrar que nem em Cuba nem no Brasil ela teria ‘liberdade’ para se expressar, no modus operandi da perseguição política.
Algumas repercussões
O papa Francisco disse que a morte de Fidel Castro era uma ‘notícia triste’.
Já a ex-presidente Dilma Rousseff falou que era ‘motivo de luto e de dor’. “(...) A morte do comandante Fidel Castro, líder da revolução cubana e uma das mais influentes expressões políticas do século 20, é motivo de luto e dor (...)”, disse.
Imagem: Antônio Milena / Agência Brasil /
Copiada da Wikipédia / Reprodução /
Creative Commons
Imagem: Antônio Milena / Agência Brasil /
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Fidel Castro com o ex-presidente Lula, em 2003 |
“(...) Sua trajetória resume os dolorosos conflitos e contradições de um período histórico conturbado, no qual ideias de desenvolvimento e justiça social nem sempre se conciliaram, em nossa região, com o respeito aos direitos humanos e à democracia (...)”, manifestou o chanceler José Serra, num trecho de nota divulgada pelo Itamaraty.
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