CNI diz que seu presidente jamais defendeu jornada de trabalho de até 80 horas semanais

Sábado, 09 de julho de 2016 A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que seu presidente, Robson Andrade, jamais defendeu a j...

Sábado, 09 de julho de 2016

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que seu presidente, Robson Andrade, jamais defendeu a jornada de trabalho de até 80 horas.

“O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, jamais defendeu o aumento da jornada de trabalho brasileira, limitada pela Constituição Federal em 44 horas semanais. A CNI tem profundo respeito pelos trabalhadores brasileiros e pelos direitos constitucionais, símbolo máximo das conquistas sociais de nossa sociedade”, comunicou a entidade.

A explicação foi dada horas depois que a declaração do dirigente foi publicada em primeira mão pela ‘Agência Brasil’ e repercutiu negativamente nos demais meios de comunicação e nas redes sociais. Durante reunião do Comitê de Líderes de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), nessa sexta-feira (8/7), ao cobrar ‘mudanças duras’ na legislação trabalhista e na Previdência Social como soluções para tirar o país da crise econômica, Andrade comparou a carga horária do trabalhador brasileiro, de até 44 horas semanais, com a do francês, que passou de 36 horas para 60 horas semanais. Em vez de falar 60 horas semanais, falou 80 horas semanais. E falou em até 12 horas diárias.

“Nós aqui no Brasil temos 44 horas de trabalho semanais. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 horas, passou agora para 80, a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal (sic, são 60 horas) e até 12 horas diárias de trabalho. A razão disso é muito simples, é que a França perdeu a competitividade da sua indústria com relação aos outros países da Europa. Então, a França está revertendo e revendo as suas medidas para criar competitividade. O mundo é assim. A gente tem que estar aberto para fazer essas mudanças. E nós ficamos aqui realmente ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível”, comentou na ocasião o dirigente da CNI.

Em nota, a ‘Agência Brasil’ admitiu o suposto erro:

“O título da reportagem ‘CNI defende carga de 80 horas semanais para trabalhador brasileiro’, publicada hoje (8) às 14h21 permaneceu com erro até as 15h28. Diferentemente do informado, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, não defendeu a jornada de 80 horas semanais para o país, mas mudanças na Previdência e nas leis trabalhistas. O título da matéria foi alterado para ‘Presidente da CNI defende mudanças previdenciárias e nas leis trabalhistas’”, informou a ‘Agência Brasil’.

O alvoroço não foi apenas por conta da declaração, mas porque na ocasião participava o presidente interino, Michel Temer, quem ouvia as demandas do empresariado.

Nas redes sociais, a CNI está tendo que lidar com inúmeras críticas a respeito da fala de seu líder.

“A CNI defende a modernização das relações do trabalho, para que se estimule a produtividade e competitividade das empresas sem redução ou eliminação de direitos e proteções do trabalhador”, respondeu a confederação a um internauta.

Vale lembrar que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) defende a jornada semanal de até 40 horas.

Tramita na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 231/1995, do então deputado federal Inácio Arruda (PCdoB), que propõe a redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas semanais. Desde então, o texto já foi apensado a outras PECs, tendo sua última movimentação em junho do ano passado.