Uma selva urbana chamada Rio de Janeiro

Domingo, 26 de junho de 2016 Criminalidade A violência no Rio de Janeiro fez mais uma vítima. Desta vez, uma médica de 34 anos, ide...

Domingo, 26 de junho de 2016

Criminalidade

A violência no Rio de Janeiro fez mais uma vítima. Desta vez, uma médica de 34 anos, identificada como Gisele Palhares Gouvêa. Ela teria sido baleada na cabeça durante uma tentativa de assalto, na Linha Vermelha, na altura de Pavuna – um perigosíssimo bairro da Zona Norte –, nesse sábado (25/6).

O policial militar Denilson Theodoro da Silva, de 48 anos, foi baleado e morreu, após sofrer uma tentativa de assalto na Pavuna, neste domingo (26). Ele integrava a equipe de segurança do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de acordo com o portal “G1”.

Confrontos entre policiais e traficantes do Complexo do Alemão, na Zona Norte, fecharam ao menos cinco escolas e quatro creches, deixando mais de quatro mil estudantes sem aula, nessa sexta-feira (24/6), disse o jornal “O Dia”.

Duas pessoas foram baleadas na estação BRT do Mato Alto, em Santa Cruz, na Zona Oeste, no último dia 23 de junho. Na ocasião, ocorria uma tentativa de assalto a um carro.

Durante um protesto de professores no Centro do Rio, na última quarta-feira (22), o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi pichado, publicou “O Globo”. Sua inauguração, às vésperas das olimpíadas, aconteceu no dia 5 deste mês. O novo bondinho deveria marcar uma era de modernidade e de transformação do centro da cidade. No entanto, o ato de vandalismo serve para mostrar que o carioca, sem generalizar, ainda não está pronto para ser civilizado e respeitoso de um bem público que custou o meu, o seu, o nosso dinheiro. Gosta de comparar o Brasil com a Europa, mas não quer renunciar à sua índole bárbara.

Há alguns dias, a atleta paralímpica Liesl Tesch, da Austrália, junto a uma amiga, foi assaltada no bairro do Flamengo, na Zona Sul. O caso ganhou repercussão negativa internacional e serviu para expor a fragilidade de nossas autoridades em garantir a segurança de delegações e turistas, que começam a chegar para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Mas, por que tanto estardalhaço??? Mal conseguem garantir a nossa segurança, quando somos nós os donos da casa e contribuintes!!!

Há mais ou menos uma semana, o Hospital Souza Aguiar, no Centro, foi invadido por bandidos fortemente armados, para resgatar um traficante conhecido como “Fat Family”. Um policial, um técnico de enfermagem e um vigilante foram baleados, sendo que este último morreu na ocasião.

Existem inúmeros casos de violência urbana, mas não dá para falar de todos eles. É preciso abordar os mais recentes e/ou mais chocantes.

“Fauna”

Quem não conhece direito o Brasil, deve achar que tudo aqui é uma selva e só tem mato e mosquito, por causa da Floresta Amazônica. O Rio de Janeiro está muito distante da floresta. Mas, sim, temos dengue, zika e chikungunya e uma Baía da Guanabara poluída – que será local de algumas competições –, cujo processo de limpeza começou no meado da década de 90.

Temos crise na saúde com a falta de médicos e de remédios, crise na educação, na segurança pública, entre outros temas. Não há dinheiro suficiente para pagar o funcionalismo público. Mas, as Olimpíadas não serão afetadas!!! Não faltará dinheiro para isso. Nossos governantes são como pais que só alimentam os filhos com arroz e feijão e ovo, para sobrar grana para o churrasco e a cerveja às visitas.

No Rio não temos macaquinhos, onças pintadas nem “Zé Carioca”. Por aqui, os bichos são outros: pivetes cometendo assaltos na Central, na Avenida Rio Branco, na Lapa, no Largo do Machado e em outros bairros e arrastões nas praias; marginais assaltando e cometendo estupros em ônibus, e por aí vai...

Evite usar celular dentro do ônibus. E nada de falar ao telefone com a janela aberta. Os bandidos são rápidos e “graduados”, e roubam sem ao menos adentrar ao veículo.

Nosso desafio olímpico e diário é sobreviver numa cidade em que caos e beleza se misturam e o crime busca reforçar o seu protagonismo. Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê. Por falta de uma identidade cultural, o que nos alimenta e/ou ilude, como cariocas, é o mito de uma “Cidade Maravilhosa” ecoada em músicas “folclóricas” sobre um Rio lindo, perfeito e hospitaleiro. Ser hospitaleiro é tratar bem seus visitantes. A partir do momento que a coisa se excede e o nosso visitante é agredido em sua dignidade e segurança, o local deixa de ser hospitaleiro.

No mais, seja bem-vindo a esta selva urbana chamada Rio de Janeiro!!!