Sábado, 30 de abril de 2016 Candidato da Igreja Universal lidera intenções de votos Faltam cinco meses para as eleições municipais,...
Sábado, 30 de abril de 2016
Candidato da Igreja Universal lidera intenções de votos
Faltam cinco meses para as eleições municipais, o que, teoricamente, é muito cedo ainda para fazer prognósticos. Contudo, diante dos possíveis candidatos, é certo afirmar, desde já, que a corrida a prefeitura do Rio de Janeiro poderá ser imprevisível.
A campanha sequer começou oficialmente, mas o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), derrotado no segundo turno da eleição para governador do Rio de Janeiro em 2014, lidera, atualmente, com 35% das intenções de voto, publicou o jornal “O Dia”.
Já o deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) tem 5% das intenções de voto, enquanto que o vereador Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), 4%. Os deputados estadual Carlos Osório (PSDB-RJ) e federal Pedro Paulo (PMDB-RJ) contam com 2% cada.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Gerp e entrevistou 400 eleitores entre os dias 24 e 24 deste mês. A margem de erro é de cinco pontos percentuais.
A “Cidade Maravilhosa” ainda pode ter outros candidatos como as deputadas federais Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
Breve análise
A liderança do candidato da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) poderia ser uma representação da insatisfação dos eleitores com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), uma vez que o Estado enfrenta uma grave crise financeira com constantes atrasos e parcelamentos de salários de servidores públicos, aposentados e pensionistas.
Entretanto, o fato de Crivella (PRB-RJ) ter vínculo com a seita do bispo Edir Macedo é um calcanhar de Aquiles, o que foi decisivo para que Pezão o vencesse nas urnas. Note-se que a Iurd é boa, sem querer querendo, em minar a candidatura de quem apoia: um exemplo foi ter estado ao lado do apresentador Celso Russomano (PRB-SP) à prefeitura de São Paulo, em 2012. Crivella precisará mostrar que, apesar de ser evangélico, não é preconceituoso e que manterá políticas públicas de combate à homofobia, como já ocorre com a atual gestão municipal, por exemplo. Na prática significa colocar os dogmas no bolso e separar Estado e religião.
Recentemente, surgiram rumores de que Crivella (PRB-RJ) poderia trocar o Partido Republicano Brasileiro pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), com o intuito de desvincular sua imagem à da Igreja Universal. Mesmo com a troca de legenda, sua raiz falaria mais alto.
Recentemente, surgiram rumores de que Crivella (PRB-RJ) poderia trocar o Partido Republicano Brasileiro pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), com o intuito de desvincular sua imagem à da Igreja Universal. Mesmo com a troca de legenda, sua raiz falaria mais alto.
Caso disputasse um eventual segundo turno com Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), o resultado seria ainda mais imprevisível: Crivella teria o apoio em peso dos evangélicos da Iurd. O filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) poderia ter o das demais denominações religiosas que não se simpatizam com a Igreja Universal. Ainda assim, muitos eleitores de esquerda e/ou simpatizantes LGBT ficariam entre a cruz e a espada, por exemplo: entre escolher um candidato de uma igreja ou o filho de um parlamentar tachado de preconceituoso, misógino, racista e suposto apologista ao regime militar. Eleitores de extrema direita, muito provavelmente, optariam por Flávio Bolsonaro.
No fundo, a candidatura do vereador Flávio Bolsonaro (PSC-RJ) teria outro propósito: testar a popularidade do pai, que pretende vir candidato a presidente da República em 2018.
A esquerda poderia ficar ainda mais dividida com as candidaturas dos deputados estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e federais Alessandro Molon (Rede-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Freixo (PSOL-RJ) e Molon (Rede-RJ) disputariam voto a voto os descontentes com o Partido dos Trabalhadores (PT). Molon, por exemplo, não teria os votos de petistas, que o consideram ‘traidor’, por ter deixado o partido há alguns meses, justo no momento que integrantes da legenda são investigados na operação Lava-Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras. Em compensação teria o apoio dos adeptos da ex-senadora Marina Silva (Rede).
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) não tem a mínima chance de ganhar. É fraca. Mesmo sendo uma deputada esquerdista bastante antiga e atuante, só logrou 33.990 votos na última eleição em 2014. Um eventual apoio do PT não lhe garantiria a vitória, e sim mais alguns votos. Nada além disso.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) contaria com boa parte dos votos de esquerdistas decepcionados com o PT. Ganharia muito mais se o PT não o apoiasse oficialmente, evitando, assim, perda de votos. Isso não quer dizer que petistas deixariam de votar nele.
Embora OPINÓLOGO não seja especialista em política, é possível pressupor que um eventual segundo turno entre Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o resultado ficaria mais imprevisível ainda. O eleitorado evangélico, inclusive os que não simpatizantes de Edir Macedo, centralizaria o voto no candidato ligado à Iurd, enquanto o eleitorado esquerdista, ao psolista.
Está cedo para cantar vitória sobre a derrota de Pedro Paulo (PMDB-RJ), por mais que só disponha de 2% das intenções de voto. Este terá de lidar com a polêmica da agressão à ex-mulher, em 2010, e, principalmente, com o descontentamento em relação a seu padrinho político, o prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ), ainda mais agora por conta da queda de parte de uma ciclovia no bairro do São Conrado. Note-se que Pezão, quando veio candidato ao governo do Rio, estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. E apesar de sua falta de carisma e da imagem negativa de seu padrinho político, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), por conta da onda de protestos que tomou conta do país em 2013, isso não foi empecilho. A campanha de Pedro Paulo pode declinar mais se houver uma chapa PMDB-PT como a existente na atual administração e até pouco tempo a nível federal com a chapa Dilma-Temer.
A deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) precisa contar com a imagem do pai para crescer nas pesquisas, embora seja difícil crer que possa vencer. O pai, Anthony Garotinho, que aparecia em primeiro nas intenções de voto para governador do RJ, em 2014, surpreendeu, ficando em terceiro lugar. É possível pensar que ele, sem querer, acabou ajudando Pezão devido à falta de opções ao eleitorado carioca.
Também é prematuro falar do êxito de Carlos Osório à corrida eleitoral. Em 2014, foi eleito deputado estadual com mais de 70 mil votos pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 2016, com a brecha que permitia a troca de legenda, filiou-se ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que é fraco no Rio. A coisa mais certa que fez foi deixar o cargo de secretário de Transportes do governo Pezão. Os atrasos e eventuais complicações nas obras da linha 4 do metrô – ligando Ipanema a Barra – seriam uma pedra no sapato. Bom, isso se viesse candidato pelo PMDB, o que é difícil pelo fato de Pedro Paulo ter a preferência.
Uma das maiores incógnitas dessa corrida eleitoral não é saber quem será o vencedor, mas se o senador Romário (PSB-RJ) viria candidato. Vale frisar que o parlamentar, em 2014, para o atual cargo, teve mais voto que Pezão para governador, considerando que ambos atuaram em todo o território fluminense. No ano passado, veio à tona que o ex-jogador teria feito um suposto acordo com o prefeito Eduardo Paes, para apoiar Pedro Paulo, em troca de que o banco suíço BSI – do qual o irmão do mandatário carioca é um dos acionistas – continuasse negando a existência de uma conta com o equivalente a R$ 7,5 milhões em seu nome, conforme denúncia da revista “Veja”, e que foi posteriormente confirmada pelo senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) durante uma reunião.
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