Domingo, 29 de março de 2015 PT convoca a militância para atos em defesa da Petrobras e para reivindicar lei de regulação da imprensa ...
Domingo, 29 de março de 2015
PT convoca a militância para atos em defesa da Petrobras e para reivindicar lei de regulação da imprensa
O Partido dos Trabalhadores (PT) insiste em impor suas pautas como se elas fossem as do país. Na última sexta-feira (27/3), a legenda convocou a militância a ir às ruas 'em defesa da democracia, dos direitos trabalhistas, da Petrobras e das reformas política, da mídia e tributária'. Segue, abaixo, o convite:
“Companheiras e companheiros,
Diante do atual momento político do país, o Partido dos Trabalhadores é chamado a aprofundar as mudanças iniciadas pelos governos Lula e Dilma e a defender o projeto democrático, popular e socialista que orienta nosso partido ao longo destes 35 anos de história.
É hora de mobilização e de ir às ruas em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, da Petrobras e das reformas democráticas e populares, como a reforma política, a lei da mídia democrática, uma reforma tributária progressiva com imposto sobre as grandes fortunas e as reformas urbana e agrária.
Além disso, participaremos nos estados e nacionalmente das diversas iniciativas de articulação de frentes e fóruns populares, que reúnam movimentos sociais, centrais sindicais, partidos, juventudes, intelectualidade progressista e trabalhadores da cultura, em defesa da democracia e de uma plataforma de reformas estruturais.
O PT defende os direitos de reunião e livre manifestação, mas repele manifestações de golpismo, intolerância e ódio. Diante destes, sairemos às ruas em defesa da democracia e das nossas bandeiras. Democracia sempre mais, ditadura nunca mais.
Ao mesmo tempo, nos dedicaremos à realização dos congressos municipais e etapas livres do 5º Congresso do PT em abril, dos estaduais em maio e da etapa nacional, de 11 e 14 de junho, que deve ser encarado como um momento de defesa do PT e do nosso projeto político, de debate sobre a estratégia e programa partidário e das mudanças necessárias ao partido para seguirmos mudando o Brasil.
Para isso, convocamos cada militante e dirigente do Partido dos Trabalhadores a participar ativamente da mobilização do partido e dos movimentos populares nas próximas semanas. Aos diretórios municipais e estaduais, orientamos que convoquem plenárias com a militância do PT, reúnam as instâncias partidárias para debatermos coletivamente a conjuntura e as tarefas do nosso partido (…)”
Breve análise
Na linguagem petista, defender a democracia é confrontar os eleitores opositores que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na prática é transformar o direito democrático de protestar em 'golpismo' ou tentativa de um 'terceiro turno' eleitoral.
Do ponto de vista lógico, defender os direitos trabalhistas significa fazer oposição à mandatária. Pois, foi ela quem fez a vaca 'tossir', ao dificultar o recebimento dos mesmos por meio de duas medidas provisórias aprovadas no apagar das luzes de 2014. Contudo, não é bem assim que funciona na prática petista. Significa legitimar o erro com a conivência de centrais sindicais e representações da sociedade civil. Em verdade, não foi Dilma Rousseff quem promoveu tais mudanças, nem seus rivais – como se fez acreditar durante a campanha, em 2014, que fariam se fossem eleitos –, mas, um vilão chamado 'Aécio Rousseff' que baixou nela. Chamar uma chefe de Estado de 'mentirosa', como alguns fizeram, parece demasiado rude ou ofensivo. A principal característica de Dilma Rousseff, a que ficou em evidência, é a bipolaridade. Existem duas presidentes em uma: a que promete e a que faz o contrário do que falou.
Antes de defender a Petrobras dos supostos 'golpistas' da oposição, é preciso defendê-la do próprio PT e de alguns partidos aliados que abocanharam elevados recursos da estatal. Não reconhecer isso é prova de que há uma espécie de Síndrome de Estocolmo, doença na qual a vítima se apaixona por seu opressor após certo tempo de convivência. Ignorar isso é tornar o efeito pela causa. É condenar o golpe, mas não os verdadeiros golpistas. O partido teima em atribuir a salvação da empresa à própria.
Uma reforma política interessa mais ao PT do que a agenda política do país. Oferece uma saída tangente como resposta à onda de protestos que tomou conta do país entre 2013 e 2014. Menos de dois anos, é possível perceber que alguns dos que reivindicaram para si a liderança dos atos possuem uma vertente esquerdista. Era só um fomento, cujos fins justificam os meios.
Uma mídia controlada e/ou regulada pode ser uma mídia censurada. É uma pena que não se possa dizer que não é preciso ser muito inteligente para perceber isso. Porque é preciso ser inteligente para perceber. Uma imprensa amordaçada só interessa a ditadores e a quem tem o que esconder. Basta observar o que se passa na Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e outras ditaduras mundo afora. Há um velho ditado que diz: 'diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem és'. O desejo de limitar a influência dos meios de comunicação é antiga. E ganhou mais força depois que a revista 'Veja' publicou às vésperas do segundo turno para presidente de que tando Dilma Rousseff quanto o ex-presidente Lula, supostamente, sabiam da roubalheira na Petrobras. A reportagem foi considerada tentativa de golpe e de interferência no processo eleitoral.
Defender a reforma tributária é, de cara, acatar o ajuste fiscal proposto pelo governo – e imposto à população – para corrigir o próprio erro pela má condução econômica. É convencer que o aumento na conta de luz, na gasolina, entre outros impostos, é um sacrifício necessário. É fazer acreditar que dói menos quando se aprende a conviver com a dor.
Os atos convocados fazem parte de um aquecimento para o 5º Congresso Nacional do PT, que ocorrerá entre os dias 11 e 14 de junho deste ano.
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