PT toma as dores de José Eduardo Cardozo para defendê-lo de Joaquim Barbosa

Terça-feira, 17 de fevereiro de 2015 Nas redes sociais, ex-ministro do STF pede demissão do ministro da Justiça por encontro com advogados ...

Terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Nas redes sociais, ex-ministro do STF pede demissão do ministro da Justiça por encontro com advogados de empreiteiras denunciadas na operação Lava-Jato

O Partido dos Trabalhadores (PT) tomou as dores do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e rebateu, nesta terça-feira (17/2), a declaração do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, de que a presidente Dilma Rousseff deveria demiti-lo, por causa de um encontro que teve com advogados de acusados no processo da operação Lava-Jato.

Para a legenda, o ex-ministro 'parece não querer perder o protagonismo político mesmo após a saída do cargo' e que seu 'ativismo jurídico' teria interesse político, para vir candidato a algum cargo nas eleições de 2018.

“Ele (Joaquim Barbosa) diz que se aposentou por dor nas costas, mas o objetivo era outro: militar e tentar um cargo político a curto prazo”, manifestou José Américo, secretário de Comunicação do PT.

No último sábado (14), Barbosa tinha postado o seguinte comentário (foto):

Imagem: Twitter / Reprodução

Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça.
— Joaquim Barbosa (@joaquimboficial) 14 fevereiro 2015

A tal reunião, cujo intuito seria para, supostamente, acalmar as construtoras envolvidas nessa falcatrua, não constava na agenda oficial do órgão, segundo a revista 'Veja'. O PT considerou a reportagem tendenciosa.

Os comentários de Joaquim Barbosa não pararam por aí, como se vê, abaixo:

“Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à política?”; “os que recorrem à política para resolver problemas na esfera judicial não buscam a Justiça. Buscam corrompê-la. É tão simples assim”.

Em sua defesa, o ex-ministro da Corte – também relator do Mensalão – disse que era um cidadão livre, portanto, não estando impedido de opinar mais por causa do cargo que ocupava. “Sobre as reações aos meus posts recentes sobre confusão entre Política e Justiça: meus críticos fingem não saber que hoje sou um cidadão livre”, declarou.

Em nota, o Ministério da Justiça disse que não havia irregularidade na audiência realizada com advogados da construtora Odebrecht e que a reunião com o advogado Sergio Renault, da UTC, não foi para falar sobre a operação Lava-Jato, em resposta à 'Veja', mas sem nominá-la.

A diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se lançou em defesa de seus filiados com Cardozo:

“O advogado possui o direito de ser recebido por autoridades de quaisquer dos poderes para tratar de assuntos relativos a defesa do interesse de seus clientes. Essa prerrogativa do advogado é essencial para o exercício do amplo direito de defesa. Não é admissível criminalizar o exercício da profissão.

A autoridade que recebe advogado, antes de cometer ato ilícito, em verdade cumpre com a sua obrigação de respeitar uma das prerrogativas do advogado. A OAB sempre lutou e permanecerá lutando para que o advogado seja recebido em audiência por autoridades e servidores públicos”.

Joaquim Barbosa também foi criticado pelo coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho: “Por ironia do destino, ele se aposentou e hoje procura fazer o que sempre criticou: pediu carteirinha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para sobreviver”; “agora, precisará respeitar os seus pares e a liturgia da nobre função que abraçou”.

Do jeito que se fala, chega-se a pensar que o ex-presidente do STF seria um pobre coitado, passando necessidade. Ele se aposentou com R$ 29,5 mil mensais. Com o reajuste que teve agora em janeiro, subiu para R$ 33,7 mil, já que os inativos recebem o mesmo valor que os ativos. Quanto à carteirinha da OAB, é uma obrigação da entidade, já que ele é advogado. Não pediu nenhum favor, e sim, um direito, apesar do então presidente da sucursal do Distrito Federal (OAB-DF), Ibaneis Rocha Barros Júnior, tentar impedi-lo, em setembro passado. Vale lembrar que dito representante também era advogado do diretório nacional Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que já foi da bancada governista, conforme revelado por OPINÓLOGO.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) pretende convocar o ministro da Justiça para que esclareça o encontro, por considerá-lo incompatível com suas funções.