Domingo, 27 de abril de 2014 Imagem: Wikipédia / Reprodução / Creative Commons “Quem 'resgata' é bombeiro!!!” Já dizi...
Domingo, 27 de abril de 2014
Imagem: Wikipédia / Reprodução / Creative Commons
“Quem 'resgata' é bombeiro!!!” Já dizia uma professora com quem este jornalista teve a oportunidade de estudar durante essa graduação. No entanto, a expressão é apropriada ao título, uma vez que o Brasil é um grande barco ou um navio sem rumo e sendo conduzido pelas ondas da corrupção. O vento que sopra é para levá-lo para bem longe das vistas de quem está em terra firme e pode perceber que está indo do nada para lugar nenhum. Só balançando e causando ânsia de vômito em seus passageiros que temem um naufrágio. De todos, vale a pena tentar salvar a ética, por ser capaz de devolver a credibilidade à Política, à Justiça, à Polícia e ao Jornalismo. Sim, ao Jornalismo também.
Que este navio não seja como um Titanic, no qual ricos tiveram o direito de sobreviver e os pobres, não, cuja blasfêmia nem Deus o afundaria. Não é preciso de uma divindade para fazer esse 'barco' chamado Brasil afundar. O próprio povo é capaz disso sozinho com um simples voto.
Não dá para falar dos 514 anos do Brasil – do Descobrimento até agora – em um curto texto. Então, é preciso tentar elucidar alguns dos muitos casos marcantes ou mais recentes.
Política
Existe uma suspeita de irregularidade na aquisição de uma petrolífera em Pasadena, no Texas (EUA), por parte da Petrobras, que teria pago uma quantia anos-luz do que realmente valia no mercado, e que merece ser investigada. A Astra Oil, a proprietária belga, a comprou por míseros 42 milhões de dólares e a repassou para a estatal brasileira por um total de 1,25 bilhão de dólares. Sendo 360 milhões de dólares, em 2006, em 50 por cento das ações, e o restante, em 2010, após desentendimento entre ambas as partes, forçada pela Justiça estadunidense.
Há quem diga que foi um bom negócio. Mas, para a Astra Oil...
No último dia 8 de abril, a bancada oposicionista do Senado entrou com um Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades na negociação supracitada. No dia seguinte (9), a senadora Ana Rita (PT-ES), representando os interesses do governo, entrou com outro mandado, na tentativa de suspender a CPI. Na ocasião, alegou que poderia colocar em risco a imagem da estatal e que dificultaria o 'exercício do direito de defesa'.
Enquanto isso, em vez de recorrer pela suspensão da CPI exclusiva da Petrobras, já que a recente decisão da ministra Rosa Weber, do STF, não é definitiva, a base governista está tentando bagunçá-la ou desandá-la, ao propor uma Comissão mista para apurar supostas irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco, e de cartéis de trens e metrôs em São Paulo.
Mais uma vez, os interesses do povo brasileiro estão sendo deixados de lado e convertidos em pura politicagem. A ideia de uma CPI mista nada mais é do que um instrumento político-eleitoreiro que servirá de chantagem de uns contra os outros. Por que não CPIs exclusivas para cada um desses tópicos???
Uma CPI da Petrobras afetaria diretamente à campanha de Dilma Rousseff (PT-RS) à reeleição. Uma vez que ela teria autorizado a compra da primeira metade da refinaria de Pasadena, quando era presidente do Conselho de Administração da empresa e também era ministra-chefe da Casa Civil durante o governo Lula.
Já uma CPI para investigar os contratos no Porto de Suape, para a construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, afetaria ao ex-governador Eduardo Campos (PSB), que pretende ser rival de Dilma Rousseff.
Enquanto que numa investigação sobre os supostos cartéis, em São Paulo, o alvo seria o Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB), que entre 1998 e 2008 tiveram os seguintes governadores: Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. A legenda deve indicar o senador mineiro Aécio Neves para fazer frente aos dois políticos presidenciáveis.
Se bem que CPI nesse país serve de distração política, porque parlamentar não é polícia e não dispõe das mesmas ferramentas que esta para uma investigação profunda.
A estatal sul-americana perdeu 41,2% de seu valor de mercado, em março de 2011. E está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU). E também está promovendo uma auditoria interna, cujo relatório será enviado aos três órgãos.
Justiça
Ficou nítida a tentativa de descrédito ao STF por causa do julgamento da Ação Penal 470 – do Mensalão –, que acarretou na prisão de alguns militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), entre outros.
Apesar de certos mandados de prisão terem sido emitidos num dia proposital, o 15 de novembro, da Proclamação da República, é preciso muito mais para tentar 'resgatar' a confiança do povo brasileiro no sistema. Ainda falta muito para que a Justiça deixe de agir como um braço de partidos políticos. Para começo de conversa, não deveria ser permitida a nomeação de nenhum juiz que já tenha se filiado ou ex-funcionário de alguma legenda, mesmo que tenha saído depois.
Quantos mensalões devem existir por aí???
Certos processos se arrastam por anos no Judiciário. Na verdade, é este quem é arrastado por sua lentidão. Fica ainda a crendice de que neste país só vai em cana quem não paga pensão alimentícia.
Polícia
“Quando um PM morre, eu só ouço o silêncio. O silêncio do Estado. O silêncio do Ministério Público. O silêncio dos Direitos Humanos... Nenhuma palavra ecoa: nem de conforto nem de indignação”, disse certa vez a jornalista Rachel Sheherazade, do 'SBT Brasil'.
O que ela falou durante o telejornal é fato!!! Da mesma forma que, quando um agente é envolvido em algum esquema de corrupção ou acerta uma bala em um morador de bem de comunidade, a culpa nunca será do policial fulano ou beltrano, e sim da instituição, que dia após dia é desmoralizada e estigmatizada pela resposta que precisa dar à violência urbana e cotidiana. Infelizmente, por causa de alguns maus policiais, todos pagam.
A população não tem coragem para enfrentar o bandido – que pratica o seu pequeno genocídio particular nas periferias –, mas o tem quando o autor de um disparo é um policial. Porque sabe que existem leis para frear o Estado.
Reportagem do portal 'R7' mostra que moradores do bairro de Piratininga, na zona sul de Niterói, teriam descoberto um suposto envolvimento de policiais para facilitar o narcotráfico na região em troca de propina. Esses cidadãos, não identificados, teriam comprado um aparelho para interceptar conversas de rádio (vídeo 1) e fizeram os registros, tendo então feito denúncia na Corregedoria da corporação.
Vídeo: R7 / Reprodução
Em fevereiro passado, oito policiais teriam sido flagrados, supostamente, recebendo propina durante blitz nos bairros de Guadalupe e Anchieta, na zona norte do Rio, segundo o site 'Uol'.
Uma verdade, que pouquíssimas pessoas teriam coragem de admitir, é a má sensação que se tem quando são paradas numa blitz. Fica o receio de que o agente supostamente tentasse lesar o cidadão para induzi-lo a 'negociar'. Essa parte, por exemplo, poderia ser motivo de chilique para alguns, mas é incontestável. Mais ainda: poucos dariam a cara para fazer tal afirmação.
Jornalismo
Jornalistas de determinados meios de comunicação terão de carregar o karma de onde trabalham. Pelo fato de os mesmos, sem generalizar, no passado, terem sido favoráveis à Ditadura Militar (1964-1985) no Brasil.
Durante a onda de protestos que tomou conta do país, em 2013, profissionais de imprensa foram agredidos verbal e/ou até fisicamente sob tal pretexto. Alguns carros desses canais chegaram a ser incendiados ou depredados em várias ocasiões, além de seus funcionários, expulsos e impedidos de fazerem a cobertura jornalística. Algumas destas eram feitas sem canopla (objeto acoplado ao microfone que identifica a logomarca do canal) e com profissionais menos conhecidos, para evitar um reconhecimento por parte de uma massa que pensava manobrar, porém estava sendo manobrada. O tal 'gigante' não chegou a acordar. Apenas tinha tomado um porre de cachaça e resolveu 'afogar' as mágoas.
A imprensa teria se tornado refém de manifestantes ou vândalos – depende do ponto de vista – por demorar ou não admitir atos de vandalismo que se generalizavam durante os eventos.
Já não é de hoje que está em circulação uma campanha de demonização à imprensa. A primeira pergunta a ser feita nesse sentido é: a quem interessa jogar a sociedade contra quem sempre contribuiu com ela??? “Filho feio não tem pai”, já diz o ditado. Por detrás de supostas reivindicações 'populares' pela 'democratização' dos meios de comunicação existem interesses subvertidos ou até pervertidos, travestidos de movimentos sociais a serviço de interesses políticos.
No entanto, o mais ridículo nisso tudo é ver profissionais e seus patrões baixarem a cabeça como quem consentissem, em silêncio, com a onda de cerceamento do labor jornalístico. Estariam praticando algum tipo de expiação??? Bom, talvez depois que o país se transformar numa Venezuela, que Deus nos livre, muitos possam compreender melhor o atual cenário político distorcido que busca no Jornalismo uma distração para culpá-lo e amordaçá-lo. Só Cristo daria a outra face para apanhar.
Na última quinta-feira (24/4), a repórter Beth Lucchesi, da TV Globo, foi alvo de gritos de dois populares (vídeo 2), enquanto tentava cobrir a repercussão da morte do dançarino Douglas Pereira, do programa 'Esquenta', que foi encontrado morto no dia 22 deste mês em uma escola da comunidade Pavão-Pavãozinho. Embora ela também não tenha sido nada simpática com seus colegas de trabalho.
Vídeo: Jornal A Nova Democracia / YouTube / Reprodução
Estranha-se a ausência de uma campanha por parte da imprensa em tentar 'resgatar' a confiança de seus espectadores. Porque os 'inimigos' já começaram há tempo.
Por falar em amordaça, vale lembrar do caso de Rachel Sheherazade, impedida desde o dia 14 deste mês de opinar em seu telejornal. Provavelmente, por causa das denúncias feitas contra ela e a emissora por partidos de esquerda junto ao MPF, depois que disse ser 'compreensível' a ação de justiceiros que amarraram ao poste um adolescente negro acusado de praticar furtos na zona sul do Rio. O que surpreende mais é que entidades de classe, em vez de se manifestarem a favor dela ou permanecerem em silêncio, ademais de alguns colegas de profissão, optaram por criticá-la numa tentativa de desvincular sua imagem à dela. Sheherazade estaria sendo vítima de uma espécie de polícia – não oficial – do pensamento, que rechaça quem discorde de seus valores.
O pior de tudo é que a própria imprensa está sendo utilizada por parte de quem nela atua em defesa de interesses partidários. Por uma questão ética, profissionais de comunicação também não deveriam fazer parte de nenhuma legenda. Pois, poderia comprometer a informação e o interesse jornalístico.
O pior de tudo é que a própria imprensa está sendo utilizada por parte de quem nela atua em defesa de interesses partidários. Por uma questão ética, profissionais de comunicação também não deveriam fazer parte de nenhuma legenda. Pois, poderia comprometer a informação e o interesse jornalístico.
Observações
Nos últimos tempos, tem-se observado um fenômeno ridiculamente interessante, especialmente nas redes sociais: fulano que é jornalista e criticou o país, falou a verdade. Merece ser candidato a presidente da República; beltrano que prendeu algum corrupto, para presidente; o sicrano que é de extrema direita e tem postura homofóbica, também para presidente. Falar a verdade é uma obrigação, é uma questão de ética. Da mesma forma que mandar prender alguém ou ser honesto, por exemplo. O que está se fazendo é uma 'supervirtualização' da própria virtude, que nada mais é do que o cumprimento do dever.
Conclusão
Embora não se possa generalizar, ninguém acredita mais na Política, na Justiça, na Polícia nem no Jornalismo. Não há perspectiva tampouco visão de um futuro melhor quando o errado não é corrigido. E também porque as esferas do poder estão entranhadas por partidos políticos: agremiações estudantis, sindicatos, autarquias públicas, imprensa etc. Nada parece ser original ou autêntico, sempre com motivações políticas.
Não há um dia sequer nesse país que não se escute sobre algum escândalo de corrupção, e que alguém de fato seja punido, e que a imprensa não seja demonizada por denunciá-los.
Não há um dia sequer nesse país que não se escute sobre algum escândalo de corrupção, e que alguém de fato seja punido, e que a imprensa não seja demonizada por denunciá-los.
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