Brasileiros: escravos de Jó

Propaganda do TSE para as eleições de 2012 incita adolescentes entre 16 e 17 a tirarem seus títulos de eleitores, chamando-os de guerreiros....

Propaganda do TSE para as eleições de 2012 incita adolescentes entre 16 e 17 a tirarem seus títulos de eleitores, chamando-os de guerreiros.

“Escravos de Jó jogavam caxangá..., guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá, ...”. Não há dúvida de que essa cantiga infantil – pelo menos parte dela – tem tudo a ver com o Brasil: primeiro, porque Jó (em alusão ao personagem bíblico) é caracterizado por sua paciência e submissão de aceitar todos os castigos que lhe foram impostos, sem ao menos se queixar e/ou indagar. Portanto, se poderia dizer que, os brasileiros seriam escravos de seu próprio comodismo, de aceitar tudo silenciosamente, especialmente no que diz respeito à corrupção política. Já “caxangá”, de acordo com alguns sites, seria uma espécie de caranguejo. E este artrópodo anda para trás. Na prática, faz uma referência ao errôneo sistema eleitoreiro e ao permitir que menores de 18 anos votem, que na verdade são mais vítimas do que “guerreiros”. Porque estariam assumindo um dever que não os compete, obrigatoriamente, ainda. E o “zigue zá(gue)” seria a alternância de poder entre direita e esquerda. Politicamente, o país ainda é uma criança, já que saiu há pouco tempo de uma ditadura militar (1964-1985), quando somente em 1988, o voto se estendeu aos analfabetos e maiores de 16 anos.

Recentemente, uma propaganda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a ser divulgada na TV, convidando adolescentes entre 16 e 17 anos a anteciparem seu dever eleitoral e tirarem seus títulos, para que pudessem já em outubro próximo votarem. E encerra a campanha com a seguinte frase: “brasileiro que vota, não foge à luta”. Será mesmo??? Observa-se, por exemplo, que jovens das duas faixas etárias citadas são considerados menores para: responderem criminalmente, por exemplo; obterem uma carteira de habilitação; e abrirem uma conta no banco, dependendo da assinatura de um responsável, para cadastrar o CPF, mesmo que já estejam trabalhando. No entanto, não são “menores” para votar. Difícil entender!!!

Vídeo: TSE/You Tube/Reprodução

Com isso, percebe-se claramente o interesse no voto quantitativo, e não qualitativo. Se o adolescente de 16 e 17 é menor para certas coisas, deveria ser também para as demais. Nem todos dessas idades possuem consciência política. Pra dizer a verdade, nem muitas pessoas com idade já avançada, porque continuam fazendo péssimas escolhas. Tem gente que acha que é obrigada a votar em alguém, quando na verdade seu dever “cívico” é somente aparecer num colégio eleitoral, registrar o comparecimento e optar entre algum candidato ou nenhum. Portanto, a democracia eleitoral ainda não é 100 por cento, já que o cidadão precisa perder parte de seu domingo de descanso para enfrentar uma fila horrível, só para não ficar civilmente inadimplente, sem poder ser convocado para concursos públicos, nem poder fazer viagens internacionais etc.

O interesse no voto quantitativo fica mais gritante, quando, por exemplo, brasileiros no exterior também são obrigados a comparecer às urnas, nas embaixadas e consulados. Inclusive, pessoas que nasceram lá fora e sequer conhecem o país, mas por serem filhas de brasileiro e possuírem dupla nacionalidade, usufruem dos mesmos direitos (deveres). Esse tipo de eleitor jamais deveria ser permitido, pois suas escolhas influenciam no destino de um país no qual não terão de sofrer às conseqüências, que serão pagas pelos que estiverem nele, obviamente. Nas eleições de 2010 para presidente, OPINÓLOGO comentou o caso da família Saito – noticiado pelo site G1 –, que vive no Japão há mais de 20 anos, cuja filha de mesma idade sequer sabia a língua portuguesa, porém teria participado desse processo “democrático”.

O adolescente de 16 ou 17 que quiser entrar nessa guerra que ainda não é dele, tem até o dia 9 de maio para comparecer a uma zona eleitoral, portando um documento de identidade com foto, comprovante de residência e um comprovante de quitação das obrigações militares (para jovens do sexo masculino maiores de 18 anos). A mesma data é válida para quem quiser regularizar a situação junto ao TSE e fazer transferência para outra região.

No dia 7 de outubro haverá eleições para escolher prefeito e vereadores. Será que o país consegue sair dessa cantiga de “rodas”???